O jornalista Sérgio Cabral, pai do ex-governador do Rio, está com Mal de Alzheimer. Quando perguntado sobre o que aconteceu com seu filho, preso na operação Lava-Jato, ele responde que o menino morreu ainda criança.
Há uns 40 dias, depois da notícia de que Fernando Cavendish teria comprado um anel de 800 mil reais para a mulher de Sérgio Cabral, o filho, veio a memória de como estaria o pai de Cabral, um homem íntegro.
Quando o ex-governador foi preso, voltei a pensar no pai. Acho que eu e todos os que o admiram.
A pergunta óbvia:
Como um homem íntegro como o velho Sérgio Cabral estaria vendo tudo isso que ocorreu com o filho?
A resposta surgiu numa notícia triste, através de um artigo de Ignácio de Loyola Brandão.
Triste, mas recebida com certo alívio por alguns dos seus amigos.
Sérgio Cabral, de 79 anos, está alheio a tudo. Tem Mal de Alzheimer, ou alguma outra demência senil. Foi poupado pela doença.
Sei que muitos, sobretudo os mais jovens, não conhecem Sérgio Cabral.
Vou falar um pouco sobre ele.
Cabral, profundamente vinculado às coisas do Rio de Janeiro, torcedor do Vasco, é jornalista, crítico de música, escritor, produtor musical. Foi jurado dos grandes festivais da MPB, fundador do Pasquim, autor de biografias de Tom Jobim, Pixinguinha, Elizeth Cardoso. Homem de sólidas convicções ideológicas, militante da esquerda nas lutas contra a ditadura. Uma figura muitíssimo cara a todos nós que amamos a música popular do Brasil!
Em seu artigo, Ignácio de Loyola Brandão chama nossa atenção para os tempos em que vivemos.
São tempos tão estranhos, com tamanha inversão de valores, que uma doença terrível e indesejável como o Mal de Alzheimer acaba por tranquilizar os amigos do doente.