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Copacabana, 18 de agosto de 2019.
Palavras chave: Rio de Janeiro; assalto; ônibus; confraternização.
Voltando da Praia de Copacabana, pego o 432 em direção à Vila Isabel. Uns dois pontos de ônibus depois de ter entrado, uma passageira sentada na janela do ônibus grita:
– PEGARAM O CELULAR! TÃO PEGANDO CELULAR, RONALDO!!! RONALDO, MEU CELULAR!!!
Entendemos, então, que pegaram o celular dela pela janela do ônibus.
Ronaldo, o motorista do 432, grita já descendo do ônibus:
– TU É BURRA PRA C@R@LHO!!!
E sai CORRENDO atrás do meliante – ouso dizer que batendo o record de 400 metros rasos pertencente ao sul-africano Wayde van Niekerk nas Olimpíadas do Rio 2016 (sim, procurei no Google o detentor do record olímpico).
Ônibus trancado.
Passageiros aflitos.
Incerteza no ar.
Gente querendo abrir a porta de todo jeito.
A passageira que fora roubada já estava pulando a catraca do ônibus pra proteger a caixa onde se guarda o dinheiro das passagens.
Solidariedade.
Preocupação.
Nervosismo.
Passam-se uns 10 minutos.
Eu, já com a cabeça pra fora, avisto Ronaldo vindo em direção ao ônibus. Mãos vazias. Passageiros tristes.
E, então, Ronaldo Martins Evangelista puxa do bolso da sua calça cinza o JOTA SETE (!!!) de Lúcia, sua esposa. Viro pro pessoal do ônibus:
– ELE CONSEGUIU!!!
Como se fosse um gol do Brasil em decisão de Copa do Mundo, o ônibus explodiu em alegria. Em uníssono:
– RO-NAL-DÔ!!! RO-NAL-DÔ!!!
Gritos de “aêeeeee!!!” e “uhuuuuu!!!” pelo ônibus!!!
Houve até quem sugerisse do fundo:
– Merece até um beijinho, ein!
Após o ocorrido viramos uma grande família. Dani, que estava na nossa frente, disse que q dor dela até tinha passado na confusão (milagre??? Adrenalina???). Tiramos fotos, nos seguimos no instagram. E, mais do que isso, comemoramos a vitória de Lúcia.
Lúcia, casada com Ronaldo, disse que o marido trabalha há mais de 20 anos dirigindo ônibus e que já passou por situações semelhantes.
Ao descer na 28 de setembro, fui cumprimentar Ronaldo e agradecer pela experiência de Rio de Janeiro de hoje.
Segue registro:
Foto 1: Ronaldo e um passageiro
Foto 2: pessoal do ônibus e, à direita, Paloma e eu comemorando
Relato Julia Ribeiro