Preso, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) celebra seus 54 anos nesta sexta-feira (27), em Bangu 8. O aniversário cai um dia após a Operação Eficiência cumprir o terceiro mandado de prisão preventiva contra ele. Apesar da data especial, ele não tem direito a visitas ou ao recebimento de alimentos, como um bolo, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
“A Seap informa que a rotina da unidade não é alterada. Somente é autorizada a entrada de comida com visitantes ou em dia de custódia”, escreve em nota.
Na penitenciária onde ele está (Pedro Werling de Oliveira), Cabral só pode receber parentes e amigos na quarta ou no próximo sábado (28). Sucessor e aliado de Cabral, Luiz Fernando Pezão (PMDB), se disse chateado a interlocutores do governo por conta da data diante de tal situação.
A cela de Sérgio Cabral tem uma televisão e um ventilador. De acordo com a Lei de Execuções Penais, o preso tem direito a receber um rádio de pilha, um ventilador de até 30 centímetros e uma televisão de 16 polegadas — o menor tamanho do mercado.
A rotina difere e muito da apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) na investigação que o aponta como líder da organização criminosa que desviou cerca de R$ 340 milhões. Nesta sexta, o G1 mostrou que Cabral gastou R$ 150 mil em ternos italianos e até em diárias num resort com safári em Mangaratiba.
‘Oceano não mapeado’
O patrimônio ilícito do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) é, segundo o Ministério Público Federal (MPF), um “oceano ainda não mapeado”. Mas até mesmo os gastos que já foram descobertos parecem não ter fim. Além de um sem-número de joias, o MPF descobriu pagamentos de hotéis de luxo e até R$ 156 mil em ternos italianos da marca Ermenegildo Zegna.
Tudo isso em apenas oito meses — entre agosto de 2014 e junho de 2015. Um dos resorts pagos pelo ex-governador do Rio tem um safári de 300 mil m² e exibe, segundo seu site, 500 animais das faunas brasileira, europeia e africana em Mangaratiba — cidade onde o ex-governador tem uma mansão.
Todas as acomodações da pousada são de frente para o mar. Outro hotel pago por Cabral fica na beira da praia de Geribá, em Búzios, Região dos Lagos. Lá, foram gastos quase R$ 10 mil. Atualmente, a diária mais cara é de cerca de R$ 2 mil e oferece cama king size, TV de plasma, banheira e produtos de beleza.
Entre 2010 e 2016, as joalherias H. Stern e Antonio Bernardo receberam ao menos R$ 6,5 milhões da organização criminosa liderada por Cabral. As compras eram feitas em dinheiro vivo ou até mesmo no exterior através de contas em paraísos fiscais.