A Proposta de Emenda à Constituição, apelidada de “PEC das Praias”, será votada nesta quarta-feira e pode trazer profundas mudanças para o uso e posse das áreas litorâneas do Brasil. A proposta prevê a transferência da posse de terrenos da União situados em regiões costeiras para estados, municípios ou até mesmo para a iniciativa privada. A medida tem gerado intensos debates sobre seus impactos socioeconômicos e ambientais.
Atualmente, as praias e terrenos próximos ao mar são considerados bens públicos de uso comum, geridos pela União. A aprovação da PEC poderá mudar essa lógica, permitindo que essas áreas sejam administradas localmente ou até privatizadas. Defensores da proposta afirmam que a medida trará maior eficiência na gestão e desenvolvimento turístico das áreas, além de estimular investimentos privados que poderão gerar empregos e aquecer a economia regional.
Os argumentos a favor
Apoiadores da PEC argumentam que a descentralização da posse das praias permitirá uma gestão mais próxima e adequada às realidades locais. Governadores e prefeitos poderão elaborar projetos específicos para suas regiões, considerando as particularidades culturais e turísticas de cada área. Além disso, há quem defenda que o repasse à iniciativa privada poderá impulsionar a criação de complexos turísticos, hotéis e serviços que movimentarão a economia e atrairão visitantes.
O setor privado também vê na proposta uma oportunidade de ampliar a oferta de infraestrutura nas praias, garantindo mais conforto e segurança aos frequentadores. Outro ponto citado é a possibilidade de regularizar imóveis e empreendimentos já existentes em áreas costeiras, gerando arrecadação de impostos e trazendo segurança jurídica.
Os riscos apontados
Por outro lado, críticos da PEC das Praias alertam para o risco de privatização de espaços que tradicionalmente são de livre acesso à população. Ambientalistas temem que a exploração descontrolada comprometa ecossistemas sensíveis, colocando em risco a biodiversidade marinha e costeira. Além disso, há preocupação com a possibilidade de elitização das praias, restringindo o acesso de camadas mais pobres da população.
Juristas também destacam que a mudança pode gerar conflitos sobre o direito de acesso e uso das áreas litorâneas. O princípio do uso comum do povo, garantido pela Constituição, pode ser enfraquecido, criando precedentes para restrições em locais que antes eram públicos.
Próximos passos
A votação da PEC promete ser acirrada, com forte pressão tanto de setores empresariais quanto de movimentos sociais. Caso aprovada, a emenda ainda precisará passar por uma segunda votação no Congresso antes de ser promulgada.
O resultado dessa decisão poderá redefinir o conceito de praia pública no Brasil e trazer novas dinâmicas para o turismo e a preservação ambiental nas próximas décadas.