O Brasil voltou a gerar debates acalorados sobre prioridades científicas e políticas nesta semana. O deputado Chico Alencar (PSOL) causou surpresa ao convocar uma audiência pública no Congresso Nacional com o tema ufologia — o estudo de objetos voadores não identificados (OVNIs).
Segundo Alencar, a iniciativa tem como objetivo discutir “a conexão entre a ufologia, o uso da Lei de Acesso à Informação e seus potenciais impactos para a informação da sociedade e a manutenção da soberania nacional”. No entanto, a escolha do tema gerou críticas de cientistas, especialistas e cidadãos preocupados com os rumos da pesquisa e do investimento público.
Nas redes sociais, a reação foi imediata e intensa. Muitos questionaram por que, em um país com tantos desafios científicos e tecnológicos, o debate oficial se concentra em OVNIs em vez de questões de alta relevância estratégica. Entre os exemplos citados estão a construção de satélites meteorológicos, o desenvolvimento de sistemas de GPS próprios e a gestão de terras raras, recursos valiosos que poderiam fortalecer a soberania e a economia do Brasil.
Especialistas destacam que, enquanto países de primeira linha científica priorizam inovação, tecnologia e pesquisa aplicada, o Brasil ainda enfrenta dificuldades estruturais em ciência e educação. Para eles, debates sobre ufologia podem até ter espaço em contextos acadêmicos ou culturais, mas não deveriam ocupar uma audiência pública no Congresso, desviando recursos e atenção de áreas críticas para o desenvolvimento do país.
O episódio reacende a discussão sobre a valorização da ciência no Brasil. Muitos argumentam que o país demonstra um desprezo recorrente por áreas estratégicas e científicas, privilegiando temas que, embora chamem atenção midiática, pouco contribuem para soluções concretas e urgentes para a população.
Para críticos, o gesto do deputado Chico Alencar simboliza, de forma emblemática, o que consideram “um país que odeia ciência com gosto”. Enquanto isso, cidadãos e profissionais da área científica esperam que agendas políticas futuras priorizem investimentos em tecnologia, inovação e educação, essenciais para que o Brasil se torne competitivo no cenário global.
O debate sobre ufologia no Congresso, portanto, mais do que um tema curioso ou exótico, serve como alerta para a sociedade sobre escolhas políticas e prioridades nacionais, mostrando que a ciência, muitas vezes, ainda é deixada em segundo plano.