A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas, envolvendo uma rede de restaurantes especializados em picanha. O principal alvo da investigação é o traficante conhecido como “Professor”, uma figura de destaque no Comando Vermelho (CV) e apontado como um dos chefes do Complexo do Alemão.
De acordo com as investigações, o dinheiro oriundo do tráfico de drogas era inserido no sistema financeiro por meio de uma franquia de restaurantes, aparentemente legítima, mas que estaria sendo usada para ocultar os lucros ilícitos da facção criminosa. A movimentação financeira levantou suspeitas após sucessivas transferências de grandes valores entre contas ligadas aos estabelecimentos.
As autoridades afirmam que, após a circulação inicial no Rio de Janeiro, os recursos passavam por diversas etapas de “limpeza” até chegarem à cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, localizada na fronteira com o Paraguai. A região é conhecida por ser rota de tráfico internacional e, segundo a polícia, foi onde parte do dinheiro lavado foi utilizado para a aquisição de armamentos pesados.
“Trata-se de uma operação complexa que mistura o tráfico de drogas com práticas empresariais aparentemente legais, criando uma estrutura que dificulta a identificação da origem criminosa do dinheiro”, afirmou um investigador que acompanha o caso.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que a franquia de restaurantes foi criada com esse propósito desde o início, como uma fachada para operações do crime organizado. A participação de laranjas, a abertura de múltiplas unidades e a movimentação atípica de capital estão entre os indícios que reforçam essa tese.
Ainda não foi divulgado o número exato de restaurantes envolvidos, mas suspeita-se que o esquema atinja diferentes estados do país. A Polícia Civil já solicitou a quebra de sigilo bancário e fiscal de envolvidos e prepara novas diligências para os próximos dias, incluindo operações em Campo Grande (MS) e no interior do Rio de Janeiro.
O caso traz à tona mais uma estratégia do crime organizado para infiltrar-se em setores legítimos da economia e expõe a necessidade de vigilância sobre o uso de franquias e empresas de alimentação como meios de ocultação de capitais ilícitos.
As investigações seguem sob sigilo, mas já colocam o “Professor” como peça-chave de um esquema que mistura picanha, poder e pólvora.