O medo voltou a tomar conta das ruas de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Na manhã desta terça-feira (27), agentes da Polícia Civil deflagraram uma operação de tirar o fôlego e prenderam Pablo Prata Gomes — apontado como o novo chefe da milícia que há anos espalha o terror na região.
Segundo informações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), Pablo Prata assumiu o controle do grupo paramilitar após a morte do temido cunhado, Wagner Evaristo da Silva Junior, mais conhecido como ‘Playboy’ ou ‘Junior Play’ — um nome que carregava pavor entre os moradores das comunidades de Oswaldo Cruz e Bateau Mouche, na vizinha Praça Seca.
A milícia chefiada por Pablo e seus comparsas é conhecida por agir com extrema violência: comerciantes e moradores eram obrigados a pagar “taxas” mensais para manter seus comércios abertos ou simplesmente para viver em paz. Quem se recusava, era ameaçado, espancado e, em muitos casos, expulso de casa sob a mira de armas pesadas.
Com ligações diretas com outros nomes perigosos da cena miliciana carioca, Pablo também é cunhado de Anderson Santos da Silva, o temido ‘Federal’, outro ex-chefão da milícia local, que está atrás das grades desde abril de 2024. A teia familiar entre esses criminosos revela uma espécie de “dinastia do crime” que domina a Zona Norte há anos, trocando de mãos entre parentes como se fosse um verdadeiro império sombrio.
A prisão de Pablo aconteceu após um trabalho minucioso do setor de inteligência da Draco, que vinha monitorando os passos do miliciano há semanas. Fontes ligadas à investigação revelam que ele agia de forma discreta, mas mantinha sob seu comando um verdadeiro exército armado. A milícia ainda controlava serviços clandestinos de internet, TV a cabo e transporte alternativo, tudo sob a ameaça constante da violência.
De acordo com a Polícia Civil, Pablo Prata Gomes vai responder por uma série de crimes graves: constituição de milícia privada, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e extorsão. Agora, as autoridades trabalham para identificar outros membros do grupo e enfraquecer, de vez, a estrutura criminosa que transformou Oswaldo Cruz em território de medo e silêncio.
A prisão do novo líder da milícia reacende a esperança dos moradores, mas também levanta um alerta: quem ocupará o lugar de Pablo? A guerra pelo poder no submundo do crime continua, e a população segue refém da violência que insiste em dominar o cotidiano.
Enquanto isso, o bairro segue em estado de tensão. Apesar da ação da polícia, muitos ainda evitam comentar o assunto, temendo represálias. O que se espera agora é que a justiça seja firme e a segurança pública consiga devolver a paz aos moradores que vivem sob o julgo da milícia há tempo demais.