PORQUE NÃO SOU MILITANTE
Até meus 19 anos existiam 3 ódios unânimes na minha vida: Futebol de Clube, Política e o Faustão. Graças a Deus e a UFRJ, algumas coisas mudaram de lá pra cá, mas continuo odiando Futebol de Clube e o Faustão.
Foi lendo as seguintes palavras que algo despertou dentro de mim: “Desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se igual e aceito pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas”.
Sim, eu desisti de ser uma sujeita bacana há 11 anos. Desde então, eu me dediquei a dar crédito às pessoas que eu admirava -por mais caretas que elas fossem- e a questionar a origem das idéias que povoavam minha cabeça (em geral, elas caíam rápido por terra quando colocadas à prova).
Foi entrando na faculdade de Comunicação da UFRJ que tive contato pela primeira vez com a militância de verdade. Digo de verdade, porque há 11 anos atrás a única militância possível e de respeito era a militância de esquerda: eles se unem, se apoiam, mentem uns pelos outros se for necessário, são ousados, sabem se espalhar, chegam sempre primeiro e se apropriam. Eles estão de parabéns.
Eu nunca quis ser militante e de lá para cá não me tornei uma, nem de direita. Me falta o espírito de rebanho, a conversa fora, a disposição para ir a comícios, a desinibição para tietagem de ídolos: definitivamente não é para mim. Eu preferi ficar em casa entre uma bebedeira e outra e usar “as horas sérias” dentre as horas vagas para acumular o que eu pudesse de conhecimento de uma pessoa em especial: Olavo de Carvalho. Não posso deixar de dedicar aqui a ele a quase totalidade do meu estudo torpe da mente revolucionária. Ainda sei pouco, mas o que aprendi foi o suficiente para me posicionar na contramão de um grupo que me despreza e só me aceita às custas da imitação literal, servil e sem questionamentos.
Não adianta, não nasci para ser militante de nada. Acho cafona demais crer piamente, tenho a síndrome da diferentona e odeio ser enquadrada. Não acredito em grupos, apenas na individualidade do ser humano. É cada um de nós e Deus contra a rapa. Minha mente ainda está livre pra buscar a verdade, por hora, vou ficar devendo essa maturidade.