A Prefeitura do Rio começou a demitir funcionários que fazem parte das equipes das Clínicas da Famílias. E a previsão é de que 1.400 sejam mandados embora. Em menos de um dia, mais de 400 já receberam aviso prévio.
Os funcionários que chegavam para trabalhar na Clínica da Família Rafael de Paula Souza, em Curicica, na Zona Oeste, recebiam a notícia da demissão. A unidade foi uma das que mais sofreram com os cortes dos 90 agentes comunitários que lá trabalham, 20 foram demitidos nesta quinta-feira (17).
A clínica atende 45 mil pessoas. Os pacientes que chegavam para ser atendidos ficaram preocupados.
“Está sendo um susto para mim, eu não sabia disso. O agente comunitário faz a visita na nossa casa frequentemente, eles vão regularmente sempre na nossa casa. Eu preciso do remédio, sempre me dão remédio”, lamentou um paciente.
Os agentes são responsáveis por fazer as visitas nas casas das famílias dentro das comunidades ou do bairro. Eles observam os pacientes, analisam cada caso e fazem uma triagem de quem vai precisar buscar atendimento nas clínicas e ainda ajudam na marcação de consultas, de exames e na entrega de remédios.
“Vamos ficar sem amparo, eles que ajudam, dão todas as informações que a gente precisa. Agora, sem isso, vai ser complicado. A gente não pode ficar sem agente comunitário. Principalmente eu, que recebo remédio controlado. Preciso de agentes comunitários”, disse Tamires Cristine Pedrosa.
Os cortes no programa Clínica da Família prometido pela prefeitura no final do ano passado começaram essa semana em várias unidades. A Comissão de Saúde da Câmara do Rio divulgou uma lista que mostra o total de demissões por clínicas até agora.
Até esta quinta-feira pela manhã, foram mais de 400 trabalhadores mandados embora. A maior parte é de agentes comunitários: 387 demissões, que aparecem na lista com a sigla ACS.
As unidades que tiveram mais demissões se concentram na Zona Oeste da cidade, região designada pela prefeitura como 4.0. Só na Clínica Gerson Berger, no Campinho, foram 21 desligamentos. A Clínica Maicon Siqueira, em Jacarepaguá, também teve 20 cortes. E todas as demissões foram de agentes comunitários.
A prefeitura pretende cortar ao todo 1.400 postos de trabalho e espera economizar R$ 166 milhões com os cortes. A Secretaria de Saúde afirma que esses recursos continuam na saúde, e vão ser usados para cobrir outros gastos.
A prefeitura explicou que as demissões fazem parte do processo da reestruturação na atenção primária, seguindo os trâmites legais. E voltou a afirmar que nenhuma Clínica da Família será fechada.
Fonte: o globo