Aos 54 anos, o professor da rede pública de ensino de Duque de Caxias Silvio de Oliveira Alves chegou ao seu limite na espera por uma resolução para o atraso dos salários por parte do município. Nesta terça-feira, o docente teve de pedir trocados aos motoristas em um cruzamento da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Alves não recebe salário deste setembro:
— O que me levou a isso é o desespero. Tenho que receber o que é meu de direito. Estou devendo metade do aluguel do mês passado e o desse mês já venceu. Da escola de um dos meus filhos, não paguei a mensalidade do mês passado — lamentou.
Os trocados recebidos pelo professor, que possui duas matrículas pelo município, foram utilizados para uma finalidade:
— Moro na Taquera (Zona Oeste do Rio) e uso o BRT para trabalhar em Caxias. Hoje, eu estou pedindo dinheiro para ir trabalhar. O que sobrar vou usar no dia a dia. Minha mulher não sabe que estou aqui.
A presença do professor chamou a atenção de quem passava pelo local.
— É algo que mostra como a administração pública tem deixado os servidores de lado. Algo precisa ser feito o quanto antes. Os gestores não podem continuar a tratar o funcionário público dessa forma — reforçou o advogado Carlos Henrique Jund, que trata das ações da Federação das Associações e Sindicatos do Estado do Rio (Fasp).
Procurada, a Prefeitura de Duque de Caxias lamentou a situação dos servidores. O município informou que tenta solucionar os problemas com os vencimentos desde o início do ano. A promessa é de iniciar “nos próximos dias” o depósito dos salários de setembro dos mais de 18 mil funcionários ativos, aposentados e pensionistas.
FONTE: EXTRA