Um balão, com dez metros de comprimento, reproduzindo o mapa do Brasil tingido de preto, foi inflado em frente à Igreja da Candelária simbolizando um “carbonômetro”. À frente, foi estendido um varal com fotos de espécies marinha ameaçadas pela atividade petroleira além de desastres ambientais causados pelo aquecimento global. Além disso, os manifestantes ergueram faixas de protesto, no cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, para alertar a população à causa ambiental defendida pela entidade.
Grupo faz protesto contra leilão de blocos do pré-sal no Centro do Rio contra (Foto: Daniel Silveira / G1)
De acordo com a 350.org, organização que liderou o ato, o Brasil pode vir a se tornar um dos maiores poluidores do mundo com a exploração do pré-sal.
“Os blocos da 2ª rodada já são explorados. Os da 3ª, ainda não. Estes blocos [da 3ª rodada], sozinhos, se perfurados, são capazes de liberar 5,4 bilhões de toneladas de CO2. Em 2016, o país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de CO2, considerando desmatamento, agropecuária, atividade industrial, etc”, argumentou Nicole oliveira, de 37 anos, diretora da 350.org.
O dióxido de carbono, conhecido como CO2, é o principal responsável pelo comprometimento da camada de ozônio na atmosfera da terra, contribuindo para o aquecimento global e todos os problemas climáticos dele decorrentes. Segundo a ativista Nicole, a estimativa de liberação de CO2 com as exploração dos blocos licitados nestas duas rodadas de leilão da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) é baseado em cálculos feitos pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do governo federal.
“Com apenas uma rodada de pré-sal a gente vai transformar o Brasil em um dos maiores países poluidores do mundo”, alertou.
Além de ativistas da 350.org, o protesto reuniu também índios e descendentes indígenas que vivem no Rio de Janeiro e, também, no Sul do país. Um grupo de 12 indígenas saiu do Paraná e chegou à capital fluminense para apoiar o ato.
“Quando se fala em leilão [de blocos de exploração do petróleo], você fala de terras indígenas e quilombolas. Quando se entra para fazer perfuração em um território indígena, se desapropria as terras indígenas e apaga a memória territorial destes índios”, declarou Cristiane Santos, de 46 anos, que é descendente de povos do Oiapoque e reside no Rio.
Nestas duas rodadas a ANP vai licitar, ao todo, oito blocos de exploração do pré-sal, camada localizado a mais de 5 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. Eles estão distribuídos ao longo das bacias de Campos e de Santos.
Esta será a primeira vez que petroleiras privadas terão a chance de explorar o pré-sal brasileiro. Até o ano passada, o marco regulatório do país determinava a obrigatoriedade da Petrobras ser a única operadora desta camada de petróleo. Endividada, e com um plano de desinvestimentos de US$ 21 bilhões até o fim de 2018, a estatal defendeu junto ao governo federal o fim desta obrigatoriedade. A regra foi, então, alterada pelo Congresso no final de 2016.

Causa ambiental foi a motivação do ato, realizado em frente à sede da ANP (Foto: Daniel Silveira / G1)