Enquanto os brasileiros héteros se casam menos e se divorciam mais, o casamento homoafetivo teve aumento de 10% em 2017, em comparaçăo com 2016. É o que mostram as Estatísticas do Registro Civil 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, o país registrou 1.070.376 casamentos civis, com reduçăo de 2,3% em relaçăo ao ano anterior. Os casamentos homoafetivos passaram de 5.354 para 5.887 e representaram 0,5% do total do ano. O crescimento foi puxado pelas mulheres. As uniőes entre cônjuges do sexo feminino saltaram 15,1%, com a realizaçăo de 3.387 casamentos. Os casamentos entre parceiros masculinos cresceram 3,7%, com 2.500 novas uniőes.
Nas uniőes civis entre homens e mulheres, os homens se juntaram, em média, aos 30 anos, e as mulheres, aos 28. Nos casamentos gays, a idade média foi de aproximadamente 34 anos para os homens e de 33 anos para as mulheres. As regiőes com maior número de casamento homoafetivo săo Sudeste, Sul e Nordeste. No Distrito Federal, segundo a Associaçăo dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), foram registradas 6.746 uniőes homoafetivas em 2017. Em 2018, até setembro, foram 2.733.
Ramon Ribeiro e Hudson Garcia se conheceram por uma rede social e estăo juntos há sete anos. A formalizaçăo da uniăo veio apenas em 2017. Quando o casal compareceu ao cartório, teve de brigar pelo direito. “O escrivăo se negou a registrar o nosso casamento. Segundo ele, precisávamos estar morando juntos há dois anos para assumir a uniăo estável, mas meu esposo é advogado e conseguimos reverter a situaçăo na hora”, contou Ramon.
De acordo com Michel Platini, presidente do Conselho de Direitos Humanos do DF e representante da Aliança Nacional LGBTI em Brasília, o número pode ser ainda maior, uma vez que nem todos os casais estăo na formalidade. “O casamento LGBT ainda é novidade. Mas também há muitos casais na uniăo estável, que năo săo abrangidos pela estatística. As mulheres se casam mais do que os homens. É cultural, o casamento é um desejo maior da mulher do que do homem. A comunidade LGBT năo está livre disso”, relata.
Platini afirma que no DF, quando o casamento homoafetivo foi instituído, houve uma campanha de divulgaçăo. “Naquele momento, tinha uma demanda real de muita gente que queria se casar, mas năo podia. Quando a lei reconheceu, houve um boom. Há necessidade de publicidade desses direitos.”
Outro dado obtido pela pesquisa é que o tempo médio de duraçăo dos casamentos civis ficou em 14 anos, três a menos que o registrado há 10 anos. A guarda compartilhada de filhos também se tornou mais comum.
Os registros de nascimento cresceram 2,6% entre 2016 e 2017, ano em que o Brasil ganhou 2,87 milhőes de bebês. Ainda assim, o total de nascimentos registrado em 2017 foi menor que os totais de 2014 e 2015. Entre os estados, somente o Rio Grande do Sul apresentou reduçăo no número de nascimentos registrados em 2017 em relaçăo a 2016 (-0,4%). Entre os demais, o que apresentou menor crescimento foi o Pará (0,4%). O maior índice foi registrado no Tocantins (9%).
Măe após os 30
O levantamento do IBGE também mostra que, entre 2007 e 2017, o número de măes que engravidam após os 30 anos passou de 23,4% para 32,2%. Léa Lima, 41 anos, măe de quatro filhas, engravidou de Antonella, a mais nova, aos 40. “Quando descobri, senti medo e ansiedade, por achar que seria difícil quando ela completasse 20 anos”, admitiu. Mas o medo passou e ela pensou nas vantagens da gestaçăo em idade madura, como a qualidade da relaçăo com a filha. “Ser măe aos 40 anos é bom pela estabilidade financeira. Isso proporciona mais qualidade de tempo com a minha filha”, contou. “Mas ter filho mais nova é bom porque o corpo está no ápice da energia”, comparou.
* Estagiária sob supervisăo do subeditor Silvio Queiroz
No papel
5.887
Total de casamentos entre pessoas do mesmo sexo registrados no país em 20172,3%
Reduçăo verificada no total de casamentos no Brasil, no ano passado