Quatro meses após a revelação de um dos maiores escândalos financeiros envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a população brasileira segue sem respostas. O rombo milionário nos cofres públicos foi descoberto em março deste ano, e até o momento nenhum responsável foi preso. Pior: ainda não se sabe o destino final do dinheiro desviado.
O caso veio à tona após uma auditoria interna detectar movimentações suspeitas em benefícios concedidos de forma irregular, muitos deles em nome de pessoas já falecidas ou com documentos falsificados. A estimativa inicial é de que mais de R$ 1 bilhão tenham sido desviados em uma operação que envolveu fraudes em massa, uso de laranjas e servidores públicos coniventes ou negligentes.
Apesar das promessas de apuração rigorosa por parte do governo federal e de investigações conduzidas pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público, nenhuma prisão foi efetuada até agora. O inquérito ainda corre sob sigilo, e as autoridades afirmam que a complexidade da rede criminosa exige cautela nas ações.
A falta de transparência e de desfecho no caso tem gerado revolta entre aposentados e pensionistas, principais afetados pelo desvio. “A gente luta a vida inteira para ter direito a uma aposentadoria digna e vê o dinheiro sumir sem explicação. É revoltante”, disse Dona Maria das Graças, 72 anos, aposentada e moradora de Nova Iguaçu (RJ).
Parlamentares da oposição cobram mais celeridade nas investigações e apontam para uma possível tentativa de abafar o caso. “Não é possível que em quatro meses ninguém tenha sido responsabilizado. O povo brasileiro merece respostas”, afirmou o deputado federal André Souza (PL).
Enquanto isso, o paradeiro dos recursos públicos segue desconhecido, levantando suspeitas de que parte do montante já tenha sido enviado para contas no exterior, através de esquemas de lavagem de dinheiro.
A sociedade aguarda, cada vez mais desconfiada, que justiça seja feita e os culpados punidos com o rigor da lei. Até lá, o caso continua como um símbolo da impunidade e da fragilidade dos controles internos dos órgãos públicos no Brasil.