Na noite de ontem, a Zona Oeste do Rio de Janeiro foi palco de uma série de execuções envolvendo membros de milícias. Em episódios distintos, dois milicianos foram mortos no bairro Colônia, em Jacarepaguá, e outros dois na comunidade Dois Irmãos, em Curicica, levantando suspeitas de acerto de contas e disputas internas.
De acordo com informações preliminares, os dois primeiros mortos, identificados como “MM” e “Alface”, faziam parte da tropa liderada por Xuxa e Russinho, conhecidos chefes milicianos que atuam na região. Ambos foram encontrados mortos em uma área conhecida pelo domínio do grupo paramilitar. Fontes locais afirmam que a dupla tinha papel ativo nas operações da milícia, especialmente na arrecadação de taxas e na organização de atividades ilícitas, como controle de serviços clandestinos.
A execução de “MM” e “Alface” foi rapidamente seguida por mais violência. Pouco depois, relatos indicaram que uma cobrança interna ocorreu na comunidade Dois Irmãos, em Curicica, resultando na morte de mais dois integrantes do mesmo grupo criminoso. Embora as identidades das últimas vítimas não tenham sido divulgadas até o momento, moradores locais relatam que as mortes foram brutais, possivelmente indicando uma retaliação por traição ou falhas nas operações.
Esses episódios expõem as crescentes tensões dentro das próprias milícias que dominam grande parte da Zona Oeste do Rio. Especialistas em segurança pública apontam que esses conflitos internos são reflexos da disputa por territórios e do descontentamento entre os membros de base e os líderes. Além disso, operações recentes das forças de segurança têm desarticulado parte da cadeia de comando dessas organizações, intensificando o caos interno.
O Contexto da Violência na Zona Oeste
A milícia, inicialmente formada por ex-policiais e agentes de segurança pública, expandiu suas atividades para o controle de comunidades inteiras, oferecendo suposta “proteção” em troca de taxas ilegais e impondo serviços como transporte alternativo, venda de gás e internet clandestina. Na Colônia e em Curicica, essas práticas são conhecidas há anos, e a presença miliciana dificulta a rotina de moradores que convivem com medo e silêncio.
Os recentes assassinatos reforçam a percepção de que as milícias não são apenas uma ameaça externa, mas também enfrentam problemas internos que resultam em mais violência. Enquanto grupos rivais tentam conquistar territórios, as disputas internas enfraquecem a estrutura das facções, deixando um rastro de mortes e insegurança.
Impacto nos Moradores e Resposta das Autoridades
Moradores das áreas afetadas relataram uma noite de tensão, com tiros e movimentação intensa nas ruas. Muitos se queixam da ausência de patrulhamento e do sentimento de abandono por parte das autoridades. Até o fechamento desta matéria, não houve confirmações de prisões relacionadas aos casos.
A Polícia Civil segue investigando os assassinatos e não descarta a hipótese de que os eventos estejam conectados. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) lidera as apurações e já colheu depoimentos de testemunhas.
Com episódios como esse, fica evidente a necessidade de uma estratégia mais eficaz no combate às milícias, que têm desafiado o poder público e aterrorizado os moradores da Zona Oeste. A população clama por justiça e paz, enquanto a realidade nas comunidades permanece marcada pela violência e incertezas.