A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá um novo presidente a partir dos próximos dias: Samir Xaud. O nome pode soar desconhecido para a maioria dos torcedores, e isso não é por acaso. Samir não tem histórico de comando em clubes ou federações esportivas — sua trajetória no futebol é, até agora, inexistente em termos práticos.
Torcedor declarado do Vasco da Gama, Samir Xaud nunca ocupou cargos diretivos em clubes de futebol nem teve experiência anterior na administração de federações estaduais. Apesar disso, conseguiu o apoio decisivo de 25 federações estaduais, o que lhe garantiu a presidência da entidade máxima do futebol brasileiro.
Sua ligação com o esporte vem por herança familiar. Samir é filho de José Renato Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol há quase 40 anos. José Renato comanda a entidade desde 1985, sendo um dos dirigentes mais longevos do futebol brasileiro. Samir só assumiria oficialmente a federação estadual em 2027, quando o pai planeja deixar o cargo. Até lá, sua atuação seria apenas como sucessor informal.
O apoio recebido por Samir revela muito sobre a política interna da CBF. A entidade é composta por votos das 27 federações estaduais e dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O apoio maciço das federações, que têm grande peso no processo eleitoral, tem sido historicamente determinante para a escolha de presidentes — muitas vezes em detrimento de nomes com maior respaldo técnico ou experiência administrativa no futebol profissional.
A escolha de Samir Xaud levanta questionamentos sobre os critérios que definem a liderança da CBF. A maior entidade do futebol nacional, que comanda uma das maiores seleções do mundo e gerencia bilhões de reais em receitas, será liderada por alguém sem histórico de gestão no esporte. Críticos apontam que, mais uma vez, o sistema de apoio político e alianças de bastidores prevaleceu sobre a qualificação técnica.
O momento da CBF também é sensível. A entidade vive uma série de turbulências internas, com disputas judiciais e desconfiança por parte da opinião pública. O novo presidente terá o desafio de restaurar a credibilidade da instituição, profissionalizar a gestão e responder aos anseios de modernização que parte da sociedade e dos clubes exige há anos.
Resta saber se Samir Xaud será apenas mais um nome de continuidade dentro de um sistema fechado, ou se conseguirá surpreender e deixar uma marca de renovação no comando do futebol brasileiro.