Um relatório da Corregedoria Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro revelou a existência de uma quadrilha composta por policiais militares, suspeitos de invadir e assaltar pontos de tráfico de drogas. De acordo com o documento, o grupo criminoso seria formado por três sargentos, dois cabos, um ex-cabo e dois moradores da região, levantando graves suspeitas sobre o envolvimento de agentes da segurança pública em atividades ilícitas.
As investigações indicam que a quadrilha atuava de maneira organizada, utilizando o conhecimento tático e os recursos da própria corporação para realizar os assaltos. O relatório cita ao menos seis ações criminosas em que o cabo Patrick Polycarpo Sodré e o sargento Davi da Silva Palhares teriam participação direta. Em um dos episódios, os dois chegaram a ser baleados, mas conseguiram escapar e até mesmo prestaram socorro um ao outro, demonstrando um nível de cumplicidade que impressionou os investigadores.
Apesar da gravidade das acusações, o documento da Corregedoria não detalha a função exata de cada integrante no esquema criminoso. A investigação se concentrou na identificação dos envolvidos e no levantamento de provas que possam subsidiar ações disciplinares e criminais contra os suspeitos.
Operação detalhada e modos de atuação
Segundo fontes ligadas à investigação, a quadrilha planejava minuciosamente cada assalto às bocas de fumo, escolhendo alvos de alto valor e utilizando táticas de abordagem que dificultavam a reação dos traficantes. A suspeita é de que os policiais se aproveitavam das operações oficiais para mapear as atividades do tráfico e, posteriormente, agiam de forma criminosa, levando dinheiro, drogas e armas das facções.
Ainda de acordo com o relatório, os crimes ocorreram em diferentes comunidades do Rio de Janeiro, o que levanta a possibilidade de que o grupo tivesse uma rede de informantes e apoio logístico em várias áreas da cidade. Os corregedores também acreditam que os PMs utilizavam viaturas descaracterizadas e equipamentos da corporação para dar aparência de legalidade às ações.
Conflito com traficantes e troca de tiros
Em um dos episódios mencionados na investigação, o cabo Sodré e o sargento Palhares teriam sido alvejados por traficantes durante uma tentativa de roubo a um ponto de venda de drogas. Após serem feridos, conseguiram escapar e prestaram socorro um ao outro, buscando atendimento sem informar a verdadeira causa dos ferimentos. O fato chamou a atenção da Corregedoria, que passou a monitorar a dupla mais de perto, chegando ao esquema criminoso maior.
Os investigadores ainda analisam se há outros PMs envolvidos e se a quadrilha atuava em conluio com facções rivais para desestabilizar determinadas áreas do tráfico, o que poderia explicar a escalada da violência em algumas regiões da cidade.
Desdobramentos e providências
A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou, por meio de nota, que está colaborando com as investigações e que não tolera desvios de conduta dentro da corporação. Os policiais citados no relatório estão afastados de suas funções e podem ser expulsos da PM caso as acusações sejam confirmadas. Além disso, o caso também está sendo acompanhado pelo Ministério Público, que deve oferecer denúncia formal contra os envolvidos nos próximos dias.
O escândalo reacende o debate sobre a corrupção dentro das forças de segurança e a necessidade de maior rigor nos processos de seleção e fiscalização dos agentes. Especialistas alertam que casos como esse minam a confiança da população na polícia e contribuem para o agravamento da violência urbana no Rio de Janeiro.
Enquanto as investigações prosseguem, a população segue apreensiva com a possibilidade de que outras quadrilhas estejam operando dentro das forças de segurança, utilizando a farda para cometer crimes e fortalecer ainda mais o crime organizado no estado.