O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar, subiu o tom e respondeu com dureza às críticas do deputado estadual Reis. Citado em uma série de escândalos envolvendo supostos esquemas milionários no governo estadual, Bacellar não poupou o governador Cláudio Castro.
“Não sou frouxo igual ao governador Castro e não deixo ninguém passar por cima dos meus poderes”, disparou o parlamentar, em uma fala que agitou os bastidores da política fluminense. A declaração foi feita em meio ao aprofundamento das investigações sobre o chamado “orçamento secreto do Rio”, revelado a partir da atuação de órgãos como o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado.
🧾 O QUE PESA CONTRA BACELLAR?
Rodrigo Bacellar é um dos principais nomes apontados no epicentro do que já vem sendo considerado o maior esquema de corrupção do estado do Rio nas últimas décadas. As acusações são graves e envolvem diversos setores da máquina pública.
💸 CARGOS FANTASMAS NO CEPERJ
Em dezembro de 2022, o Ministério Público Eleitoral denunciou Bacellar — à época secretário estadual de Governo — e o governador Cláudio Castro pelo uso de folhas de pagamento paralelas e secretas na Fundação Ceperj e na Uerj. A investigação revelou 27 mil cargos temporários no Ceperj e 18 mil na Uerj, com fortes indícios de abuso de poder político e econômico.
Esses servidores temporários recebiam salários via depósitos diretos em contas bancárias ou até mesmo em dinheiro vivo, em ações sem transparência e controle público adequado.
🏦 PAGAMENTO EM BOCA DE CAIXA
Outro ponto crítico envolve o saque de mais de R$ 220 milhões diretamente em agências bancárias, o chamado “boca de caixa”. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Campos dos Goytacazes — base eleitoral de Bacellar —, onde R$ 12 milhões foram retirados em espécie.
A deputada federal Clarissa Garotinho chegou a afirmar publicamente que “Rodrigo Bacellar é quem comanda todos os projetos da Ceperj”, acirrando ainda mais o clima político.
📚 SUPERFATURAMENTO NA EDUCAÇÃO
A Secretaria Estadual de Educação, também sob influência política do grupo de Bacellar, firmou dois contratos milionários com suspeitas de superfaturamento:
- Em um dos contratos, foram R$ 618 milhões destinados à compra de 1,6 milhão de livros, com um custo médio absurdo de R$ 380 por unidade — sem licitação e sem análise de mercado.
- No fim de 2023, outros R$ 90 milhões foram gastos com livros cujos valores chegaram a ser quatro vezes superiores ao preço de mercado. Um exemplar avaliado em R$ 120 era encontrado por até R$ 36 na internet.
As denúncias geraram sindicâncias internas, investigações no TCE e questionamentos severos da população e de especialistas. Muitos livros sequer chegaram a ser usados em sala de aula ou foram descartados em depósitos.
⚠️ CLIMA DE GUERRA NA ALESERJ
As tensões entre Bacellar e o governador Cláudio Castro são cada vez mais evidentes. A fala do deputado Reis, que motivou a resposta agressiva do presidente da Alerj, expôs o racha dentro da base aliada. Nos bastidores, comenta-se que Bacellar já articula sua própria candidatura ao governo em 2026 — algo que incomoda profundamente o grupo de Castro.
Enquanto as investigações avançam, o povo fluminense assiste a mais um capítulo de um escândalo bilionário, que mistura poder, corrupção, lavagem de dinheiro e impunidade. Resta saber até onde a Justiça conseguirá ir.