Após a divulgação da fraude das carnes, entidades de defesa do consumidor recomendam redobrar os cuidados com coloração avermelhada, textura não pegajosa e lisa, e a ausência de mau cheiro. O diretor de pesquisas e projetos do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e professor de direito do consumidor, Ricardo Morishita, diz que o consumidor deve ficar atento às informações dos produtos nos estabelecimentos. O especialista afirma que são elas que vão orientar como proceder na escolha do alimento.
— Na dúvida sobre a adequação do produto, espere. Entre em contato com o supermercado ou com o fabricante. Na dúvida, não consuma — orienta: — Se cheirou e está estranho; a cor está estranha, espere, não consuma. Em última análise, você tem os órgãos de defesa do consumidor.
Para o Idec, as irregularidades cometidas por vários frigoríficos reforçam que o consumidor deve evitar alimentos ultraprocessados, produzidos a partir de carnes como salsicha, linguiça, nuggets, hambúrgueres, dentre outros.
Passo a passo sobre como se proteger das carnes estragadas:
1. Atenção com aparência externa
Verifique a cor, odor e textura, assim como a procedência, data de validade, temperatura de armazenamento e a integridade da embalagem.
2. Dê preferência a produtos frescos
Priorize alimentos in natura, ou minimamente processados e não embalados, e vite alimentos ultraprocessados.
3. Exija detalhes fabricação
Uma das obrigações dos estabelecimentos é apresentar ao consumidor as informações de rastreabilidade, de que forma o alimento está sendo manipulado e, nas embalagens, indicar a identificação do produto: origem, data da manipulação, pesagem correta, prazo de validade.
4. Evite carnes embaladas industrialmente
A utilização de carne podre e estragada, papelão e pedados de cabeça em frango, salsicha e linguiça, como identificados pela operação, ficam mascaradas por conta do nível de processamento do produto e a inclusão de aditivos alimentares como corantes, aromatizantes, realçadores de sabor.
5. Prefira carne moída na hora, em sua presença
Embora a carne moída previamente não seja imprópria para consumo, o processo é proibido por lei em todo estado do Rio. De acordo com a Lei 6.538/1983, carne só pode ser moída na presença do consumidor e após o pedido dele. A única exceção é se o estabelecimento estiver registrado junto a um órgão da agricultura, estando embalada e apresentando na sua rotulagem o número do SIE.
Carnes estão sendo recolhidas em todo o país: população deve ficar tranquila, diz ministro
Em meio ao escândalo de comércio de carne podre e adulterada, após a Operação Carne Fraca deflagrada ontem pela Polícia Federal, o secretário-adjunto do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, afirmou, na última sexta-feira, que o processo de recolhimento dos produtos que estão em circulação já começou. Novacki disse que a população tem de ficar tranquila e tomar cuidados na hora de comprar no supermercado.
As autoridades ainda não sabem dizer o destino das carnes adulteradas. Porém, a partir de segunda-feira, segundo Novacki, começarão a ser rastreados os códigos de barra dos produtos em que a fraude foi confirmada. Sem dizer como é possível recolher as carnes sem os códigos de barra, o secretário afirmou que o processo já começou. No entanto, recomendou à população que informe ao ministério caso encontre produto suspeito por meio do número 0800-704-1995.
Ainda ontem, três fábricas de aves, salsicha e mortadela foram fechadas e outras 21 estão sob suspeitas de fraude em carne bovina e até ração para animais de estimação. São duas fábricas do Frigorífico Peccin, no sul do país: em Jaguará do Sul (SC) e Curitiba (PR). Uma unidade da BRF em Mineiro, em Goiás, também foi fechada.
Na última sexta-feira, pelo menos 20 funcionários públicos foram presos pela PF. Além deles, 33 servidores envolvidos no processo de fraude das carnes foram afastados.
A notícia de que dezenas de empresas do setor adulteravam e vendiam carne estragada pegou os consumidores de surpresa. A denúncia feita pela Operação Carne Fraca investiga 40 empresas do setor. Entre elas estão as gigantes BRF Foods, proprietária de marcas conhecidas, como Sadia e Perdigão; e a JBS, dona da Friboi e da Seara. Segundo a Polícia Federal, foram emitidos 27 pedidos de prisão preventiva e 11 pedidos de prisão temporária. Na madrugada deste sábado foi preso o gerente de Relações Institucionais do Grupo BRF, Roney Nogueira dos Santos. O funcionário da Seara, do grupo JBS, Flavio Cassou, também está preso.
A JBS informou, em nota, que nenhum executivo da empresa foi preso. “No despacho da Justiça, não há menção a irregularidades sanitárias da JBS. Nenhuma fábrica da JBS foi interditada. Ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais. Um funcionário da unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação. A JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis”, destacou a companhia no comunicado.
FONTE: EXTRA