O segundo dia de julgamento de Flordelis e mais quatro réus pela morte do pastor Anderson do Carmo iniciou com uma hora e meia de atraso, por volta das 10h30, desta terça-feira (8). Isso porque um dos acusados, André Luiz de Oliveiro, filho afetivo da pastora, não havia sido listado e precisou ser buscado na penitenciária para início da sessão. Além deles, também serão julgados a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta, Rayane dos Santos Oliveira; e Marzy Teixeira da Silva, também filha adotiva.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que o custodiado André Luiz já foi apresentado ao Fórum de Niterói, e que o motivo do atraso do seu deslocamento está sendo apurado. André Luiz passou a noite na Cadeia Pública Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Os outros presos vieram do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
Durante a audiência, Flordelis e os réus estão com as mesmas roupas de ontem, blusa branca e calça jeans. Eles estão, a maior parte do tempo, de cabeça baixa.
A primeira testemunha de acusação é o inspetor da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso.
Em depoimento, o inspetor afirmou que o pastor sabia dos planos para sua morte e chegou a realizar uma reunião com os membros da família para resolver possíveis insatisfações. Em que, uma das principais queixas eram relativas ao controle financeiro de Anderson.
Na oitiva, Tiago pontuou uma situação em que o cancelamento de planos de saúde de filhos que já teriam como se sustentar provocou a insatisfação dos mais próximos de Flordelis que tinham a assistência médica.
Outra ocasião teria sido relatada por Lucas Cézar dos Santos, já condenado por envolvimento com o crime, durante as investigações, em que Rayane estaria insatisfeita com o salário do marido, nomeado no gabinete de Flordelis, quando ela ainda ocupava cargo de deputada federal. Por conta de uma suposta rachadinha, o promessa de pagamento de R$ 15 mil ficava em cerca de R$ 2,5 mil. A ré acreditaria que com a morte do pastor, a remuneração seria melhor.
A terceira testemunha, Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime, contou que Flordelis a considerava uma “pedra em seu sapato” por criar uma barreira entre Lucas e a ex-deputada.
“Eles [filhos da ex-parlamentar] estavam com muita raiva porque a Flordelis não podia visitar o Lucas. E eu era essa barreira, o calo no sapato deles. Na verdade, é uma família perigosa. Hoje, quando sair daqui, nem sei o que os netos dela vão fazer comigo. É processo, é tudo. Essa bomba é mais uma coisa. Daqui a pouco vão estar me matando como mataram o pastor. Eu até repensei vir depor, porque essa defesa da Flordelis está me coagindo”, desabafou na frente da juíz.
Acusações
Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.



