Ser pai ou mãe é uma experiência transformadora — repleta de alegrias, desafios e, sim, muito estresse. Mas, de acordo com uma série de estudos recentes, um fator em especial pode aumentar significativamente o nível de tensão dentro de casa: o nascimento do segundo filho.
Pesquisas internacionais vêm apontando que o segundo filho, especialmente quando é o caçula, tende a gerar mais preocupações e desgaste emocional nos pais. Um estudo divulgado por pesquisadores dos Estados Unidos mostrou que crianças que ocupam essa posição na ordem de nascimento têm de 20% a 40% mais chances de serem punidas na escola ou de se envolverem com comportamentos considerados problemáticos, como desobediência, brigas ou desinteresse pelos estudos.
Além disso, as estatísticas são ainda mais preocupantes quando se observa o comportamento ao longo da vida. Dados apontam que segundos filhos têm até 40% mais chances de serem presos em algum momento, em comparação aos irmãos mais velhos.
Mas por que isso acontece?
Especialistas acreditam que a resposta está em uma combinação de fatores. Quando o primeiro filho nasce, ele recebe atenção total dos pais, que geralmente estão mais focados e disponíveis. Com a chegada do segundo, os recursos — sejam eles tempo, paciência ou até financeiros — precisam ser divididos. Isso pode fazer com que o caçula receba menos orientação direta e supervisão, especialmente nos primeiros anos de vida.
Outro fator que pesa é o comportamento dos próprios irmãos. O segundo filho tende a se espelhar no primogênito, o que pode gerar tanto comportamentos positivos quanto negativos. Caso o irmão mais velho tenha atitudes rebeldes ou desafiadoras, o caçula pode imitá-las com mais facilidade.
Um estudo australiano reforça esse panorama e adiciona uma camada emocional importante à equação. Segundo os pesquisadores, o nascimento do segundo filho costuma aumentar significativamente o nível de estresse dos pais, especialmente das mães. A sobrecarga emocional e física de cuidar de duas crianças — muitas vezes com idades próximas — é um desafio que afeta a rotina, o sono e até a saúde mental dos responsáveis. No entanto, os especialistas ressaltam que esse estresse tende a ser temporário, principalmente à medida que os filhos crescem e se tornam mais independentes.
Apesar dos dados preocupantes, é importante lembrar que cada criança é única e que o ambiente familiar exerce enorme influência sobre o seu desenvolvimento. Atenção individualizada, diálogo constante e apoio emocional são ferramentas poderosas para lidar com os desafios da criação dos filhos, independentemente da ordem de nascimento.
O que os estudos mostram, no fim das contas, é que o segundo filho pode sim exigir mais dos pais — mas com amor, equilíbrio e dedicação, esse desafio pode se transformar em uma experiência de crescimento para toda a família.