Em uma decisão histórica e cercada de polêmicas, o Senado Federal aprovou nesta semana o projeto de lei que autoriza o porte de arma de fogo para advogados, exclusivamente para fins de defesa pessoal. A proposta, que tramitava há anos no Congresso, foi aprovada com maioria expressiva e agora segue para análise da Câmara dos Deputados.
A medida reconhece a atividade jurídica como uma profissão de risco, sobretudo para advogados que atuam em áreas sensíveis, como o direito penal, direito agrário e casos envolvendo criminalidade organizada. Segundo defensores do projeto, muitos advogados são alvos de ameaças e intimidações, especialmente fora dos grandes centros urbanos, onde o suporte das forças de segurança é mais limitado.
O texto aprovado estabelece critérios rigorosos para a concessão do porte, exigindo que o profissional esteja regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com bons antecedentes, aptidão psicológica e técnica comprovada para o manuseio de arma de fogo. Além disso, o porte será pessoal e intransferível, devendo ser revalidado periodicamente.
Apesar do avanço do projeto no Senado, a decisão já provoca reações divergentes. Entidades de direitos humanos e parte da sociedade civil criticam a flexibilização do porte de armas, temendo que a medida possa aumentar a violência e gerar situações de abuso. Por outro lado, representantes da OAB e advogados de diversas regiões comemoraram a aprovação, alegando que a nova lei representa um reforço à sua segurança e autonomia profissional.
O debate agora ganha fôlego na Câmara, onde o projeto poderá sofrer alterações antes de seguir para sanção presidencial. Até lá, o Brasil se divide mais uma vez entre os que defendem o direito à legítima defesa e os que temem os impactos do aumento da circulação de armas na sociedade.
A discussão promete se estender pelos próximos meses e deve mobilizar não só juristas, mas também especialistas em segurança pública e a população em geral.