A taxa de desemprego cedeu pela segunda vez seguida, ficando em 11,6% no trimestre encerrado em novembro. Nos três meses encerrados em agosto, que servem como base de comparação, a taxa havia sido de 12,1%. Há um ano, em novembro de 2017, ficou em 12%. Os dados são da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, e foram divulgados na última sexta-feira do ano. Ela considera tanto o mercado formal quanto o informal. Analistas consultados pela Bloomberg projetavam uma taxa de 11,5%. Para o ano, o mercado estima um desemprego médio na casa dos 12%. Em 2019, ele deve ceder mais.
O número de desempregados, que era de 12,7 milhões no trimestre passado e de 12,6 milhões há um ano, também cedeu. Em novembro, 12,2 milhões de brasileiros buscavam uma vaga. De acordo com o IBGE, o número de pessoas empregadas com carteira de trabalho (33 milhões) ficou estável nas duas comparações. O número de desalentados, que são as pessoas que desistiram de buscar trabalho, também ficou estável (4,7 milhões). O rendimento médio real também permaneceu inalterado. Foi estimado em R$ 2.238 no trimestre encerrado em novembro.
A pesquisa vem, desde o segundo trimestre do ano, mostrando alta da ocupação. Mas sempre via informalidade, ressaltou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE:
— Eventos como eleição e Black Friday foram positivas para o mercado de trabalho no trimestre de setembro a novembro. As eleições ajudaram via contratação de pessoas nos comitês, para cabo eleitoral e realização de pesquisas. É muito provável que seja um contrato temporário, sem carteira.
Ele ressaltou, ainda, os prejuízos da ocupação via informalidade: são pessoas que não contribuem com o sistema previdenciário, não têm direito a férias, 13° salário e outros benefícios.
Postos com carteira de trabalho
Quando observadas só os postos gerados com carteira de trabalho, o Brasil criou 58.664 vagas (saldo entre contratações e demissões) em novembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. É o melhor resultado para o mês desde 2010, quando foram geradas 138.247 vagas formais. Novembro é o quinto mês seguido com resultado positivo na criação de empregos com carteira.
A população ocupada foi estimada em 93,2 milhões de pessoas, um recorde para a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Esse grupo teve acréscimo de 1,1 milhão de pessoas em relação ao trimestre encerrado em agosto e de 1,2 milhão em relação ao mesmo período do ano passado. Esse recorde é reflexo de outros dois: o número de empregados sem carteira (11,7 milhões) e o de trabalhadores por conta própria (23,8 milhões) são os maiores da história.
— Você bate o recorde de população ocupada, mas tem o dobro de pessoas desocupadas, em relação a 2014, antes de começar a crise. Esse recorde de ocupação tem de ser comemorado quando ele der conta de absorver os desempregados e tirar pessoas da informalidade. Perdemos 4 milhões de empregos com carteira desde 2014 — avaliou Azeredo.
Subutilização
A população subutilizada (27 milhões) compreende as pessoas de 14 anos ou mais de idade que estavam sem emprego, na força de trabalho potencial — pessoas que não estavam trabalhando nem procurando emprego, mas que estavam disponíveis para trabalhar; os que estavam procurando, mas não estavam disponíveis para trabalhar; e os desalentados — ou que trabalhavam menos de 40 horas por semana, mas gostariam e estavam disponíveis para trabalhar mais. Esse grupo teve redução de 478 mil pessoas em relação ao trimestre anterior e cresceu em 486 mil trabalhadores em relação ao ano anterior. Com isso, a taxa de subutilização da força de trabalho (23,9%) recuou 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em agosto e ficou estável em relação ao mesmo trimestre do ano passado.