SILBENE, SÍMBOLO DE UMA ÉPOCA
Por André Luis Mansur
Fechada em março de 2012, a loja Silbene marcou época no bairro de Campo Grande. Situada entre as ruas Coronel Agostinho (o atual calçadão do bairro) e Augusto Vasconcelos, ela se destacou pela qualidade e variedade de seus produtos, desde a papelaria-livraria até a lanchonete, artigos de festas, quadros, produtos de informática etc. Frequentei muito. Lembro que sua banca de jornais trazia periódicos de outros países, os alimentos da lanchonete eram sempre muito bem preparados e, se não me engano, foi a primeira loja a oferecer uso da internet no bairro, o que hoje chamamos de lan house, sem contar a limpeza de toda a loja, que era impecável. Na época de compra de material escolar então, era uma movimentação que jamais se viu em alguma outra loja do ramo em Campo Grande.
A loja foi fundada em 1960 por Jorge Elias, que sempre esteve à sua frente da loja, provocou depoimentos emocionantes quando encerrou suas atividades, como este, da fotógrafa Malu Ravagnani, publicada no Portal Guaratiba em agosto de 2012: “Não queremos saber o porquê, Sr. Jorge. Queremos que o senhor saiba que muito contribuiu para o desenvolvimento do bairro e pelas vidas das pessoas trazendo para o lado delas o que tinha de mais necessário, o senhor trouxe a modernidade da área de informática e um local onde compramos as tortas dos nossos aniversários. Sua SILBENE hoje é história e acredito que brevemente perderemos também a parte de alimentação. Queremos que o senhor descanse um pouco, que o senhor tenha tempo de admirar uma flor, o canto do pássaro, a dança das nuvens, o brilho das estrelas, que o senhor tenha tempo para si.”
A Silbene tinha cerca de 200 funcionários quando fechou, na grande maioria mulheres, e não tinha filiais. Também Bruno Guedes fez um desabafo no blog Bacharel Carioca quando a Silbene fechou, ao ressatar a importância da loja como um símbolo do bairro: “Ela está para o local como o Cristo Redentor para o Rio de Janeiro, a Catedral para Brasília, os pulmões para o corpo humano. E justamente por ali corria o ar que fazia respirar o charme do maior calçadão da cidade”.
Parte da loja da Silbene abriga hoje a loja Requinte Magazine e na outra parte está instalada a universidade Unisuam.
André Luis Mansur é jornalista e escritor- Escreve na Santa Paciência toda segunda-feira.
Pesquisa de imagens- Guaraci Rosa