Um terreiro de Umbanda localizado em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi alvo de um ataque criminoso na última segunda-feira (27). O local foi invadido, depredado e teve diversos objetos sagrados destruídos. As informações são do Bom Dia Rio.
De acordo com as investigações iniciais, os criminosos quebraram a maior parte das imagens de orixás que estavam no terreiro, além de atabaques e eletrodomésticos utilizados nas atividades do espaço. Além da destruição, elementos sagrados fundamentais para o funcionamento da casa foram furtados. O ato brutal gerou revolta na comunidade umbandista e entre moradores da região.
Ainda não se sabe quantas pessoas participaram do ataque, mas testemunhas relataram que, após a depredação, os invasores deixaram uma bíblia no local. Esse detalhe levanta suspeitas de que o crime tenha sido motivado por intolerância religiosa, uma realidade infelizmente comum para muitas casas de culto afro-brasileiras no Rio de Janeiro e em outras partes do país.
Thiago de Oxóssi, responsável pelo terreiro, lamentou o ocorrido e revelou que essa não foi a primeira vez que sua casa sofreu ataques. Segundo ele, desde que chegaram ao bairro há três anos, enfrentam hostilidades constantes, incluindo uma depredação semelhante há cerca de um mês. “É muito difícil conviver com esse tipo de violência, principalmente quando nosso único propósito é a fé e o acolhimento. Nosso terreiro sempre esteve de portas abertas para quem precisa, independentemente da religião. Ver esse desrespeito e essa destruição nos entristece demais”, afirmou Thiago.
Apesar da gravidade do caso, até o momento, o ataque não foi registrado na delegacia. A ausência de uma denúncia formal pode dificultar a investigação e a identificação dos responsáveis. Especialistas alertam que crimes de intolerância religiosa devem ser reportados imediatamente às autoridades para que medidas sejam tomadas e os criminosos possam ser responsabilizados.
A intolerância religiosa contra religiões de matriz africana tem se tornado cada vez mais frequente no Brasil. Dados do Ministério dos Direitos Humanos mostram que ataques a terreiros e praticantes dessas religiões têm aumentado nos últimos anos. Organizações que lutam pela liberdade religiosa cobram uma resposta mais firme das autoridades para garantir o direito constitucional à liberdade de culto.
Moradores da região e frequentadores do terreiro pedem justiça e esperam que esse crime não fique impune. Enquanto isso, Thiago e sua comunidade tentam reconstruir o espaço e seguem firmes em sua fé, resistindo diante da violência e da intolerância.



