Uma denúncia anônima feita à nossa equipe revela uma alarmante escalada da violência e do controle territorial exercido por traficantes na comunidade da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo o relato, membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV) estão extorquindo comerciantes locais com a cobrança de “taxas de segurança” que chegam a até R$ 10 mil por mês.
A denúncia destaca o caso de um restaurante da região, que além de arcar com esse valor mensal, ainda é obrigado a fornecer diariamente cerca de 70 quentinhas para os criminosos que atuam nos pontos de venda de drogas da comunidade. A prática escancara o domínio do tráfico sobre a rotina e a economia local, onde comerciantes vivem sob constante ameaça e intimidação.
Outro ponto gravíssimo citado na denúncia é a interferência direta do tráfico em iniciativas públicas. A prefeitura havia construído e cedido mais de cem quiosques a moradores da comunidade, com o objetivo de fomentar o comércio e gerar renda para famílias locais. No entanto, os quiosques foram proibidos de abrir as portas porque os responsáveis não aceitaram pagar a taxa imposta pelos traficantes. Muitos desses pequenos empreendedores, que viam nos quiosques uma oportunidade de mudar de vida, agora enfrentam o medo e o prejuízo.
Além do cerco ao comércio, a mobilidade dos moradores também foi profundamente afetada. A denúncia afirma que carros e motos de transporte por aplicativo foram banidos da região. Quem vive na Gardênia Azul está impedido de usar os serviços de transporte como Uber ou 99, pois os veículos foram proibidos de circular pela facção criminosa. Isso prejudica não apenas os usuários, mas também os motoristas que evitam atender corridas para o bairro, temendo represálias ou abordagens violentas.
Moradores relatam viver sob um clima constante de tensão. Muitos evitam falar sobre o assunto por medo de retaliações, e poucos se arriscam a denunciar. A comunidade, que deveria contar com a presença do Estado e políticas públicas eficazes, hoje é refém de uma facção que dita regras, impõe tarifas e restringe até o direito de ir e vir.
A situação na Gardênia Azul é mais um retrato da urgência por ações efetivas de segurança e justiça social nas comunidades cariocas. Enquanto o tráfico dita as regras, moradores e comerciantes seguem vivendo em um cenário de medo, silêncio e omissão.