Com apenas 14 anos, Miguel Oliveira se tornou uma das figuras mais comentadas da internet brasileira. Natural de Carapicuíba, em São Paulo, o jovem missionário viralizou com vídeos que dividem opiniões nas redes sociais: ora exaltado como um “escolhido por Deus”, ora criticado por supostamente explorar a fé de seguidores. Com mais de um milhão de seguidores no Instagram, Miguel chama atenção por sua forma intensa e madura de pregar — muito semelhante à de pastores adultos — mesmo com tão pouca idade.
Membro da Igreja Assembleia de Deus Avivamento Profético, o adolescente afirma ter vivido um milagre ainda na infância. Segundo ele, aos três anos de idade, foi curado de surdez e mudez — uma experiência que teria despertado sua fé e vocação religiosa. Desde então, Miguel diz dedicar sua vida à pregação e à realização de cultos, sempre com foco na “cura espiritual”.
Mas foi em 2024 que seu nome ganhou as manchetes e dominou os trend topics. Em um dos vídeos mais compartilhados do seu perfil, Miguel aparece rasgando laudos médicos durante um culto e declarando que pessoas ali presentes estavam sendo curadas de doenças graves como câncer e leucemia. “O câncer está sendo queimado agora!”, grita ele no púlpito, sob aplausos da multidão.
A cena, embora impressionante para muitos, gerou uma onda de críticas. Usuários nas redes sociais acusaram o jovem de praticar sensacionalismo religioso e de influenciar emocionalmente fiéis em momentos de fragilidade. Médicos e líderes religiosos mais tradicionais também se manifestaram, destacando a necessidade de cuidado ao tratar doenças graves e alertando sobre o risco de as pessoas abandonarem tratamentos médicos confiando apenas em supostos milagres.
Apesar da enxurrada de comentários negativos, Miguel não recuou. Em entrevistas e publicações recentes, afirmou que as críticas não o abalam. “Isso só fortalece minha fé. Sei o que Deus fez na minha vida e vai continuar fazendo na vida dos outros”, disse em um dos seus vídeos no Instagram.
Ele também recebeu o apoio de figuras públicas conhecidas no meio evangélico, como o influenciador e empresário Pablo Marçal, que elogiou a coragem do garoto e classificou os ataques como “perseguição espiritual”. Para Marçal, Miguel representa uma nova geração de pregadores que não têm medo de se posicionar.
Enquanto alguns veem nele um símbolo de fé e renovação espiritual, outros questionam até que ponto crianças e adolescentes devem ser expostos a esse tipo de responsabilidade e visibilidade. O debate reacende a discussão sobre a influência religiosa nas redes sociais e os limites entre crença pessoal e responsabilidade pública.
Miguel, por sua vez, segue firme. Em seus cultos e lives, continua anunciando curas e profecias, sempre com intensidade e carisma. Para seus seguidores mais fiéis, ele é prova viva de que Deus levanta os improváveis. Para os críticos, um fenômeno da internet que precisa de supervisão e orientação.
Fato é que, gostem ou não, o missionário mirim conquistou os holofotes. E enquanto continuar dividindo opiniões, seguirá atraindo atenção — seja dos fiéis, dos curiosos ou dos céticos. Um menino que se diz curado de surdez e mudez, agora com voz potente, capaz de causar alvoroço em todo o país.