O disparo que atingiu uma menina de 11 anos dentro da Escola Municipal Espírito Santo, em Cavalcante, na Zona Norte do Rio, na tarde desta quarta-feira, partiu de um fuzil. A informação foi repassada a familiares de Maria Gabriela Sathler por um médico e por um perito da Polícia Civil. A estudante permanece internada no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte, onde passou por uma cirurgia no antebraço direito e permanece internada.
Maria Gabriela brincava com uma colega na quadra do colégio, durante a aula de Educação Física, quando sentiu um formigamento no braço. Em seguida, a menina viu o furo pouco acima do pulso, por onde logo começou a sair muito sangue.
— Ela estava brincando de roda com uma amiguinha, girando. Como estava em movimento, foi sorte não ter acontecido nada mais grave, como a bala atravessar o corpo dela ou atingir uma parte mais sensível. Ela conta que na hora imaginou que pudesse ser um tiro, mas “não quis acreditar”. Foi um milagre, um livramento — afirma Renata Almeida, tia da pré-adolescente.
Nesta quinta-feira, durante uma visita do diretor da escola ao hospital, a principal preocupação da menina era se iria perder o ano letivo — ela cursa atualmente o 6º ano do Ensino Fundamental. Como é destra, Maria Gabriela estava com receio de ser prejudicada por conta da dificuldade de escrever.
— Falaram para ela não se preocupar, que vão tirar cópia de todo o conteúdo para que ela não fique prejudicada. Agora, é esperar para ver o que os médicos dizem. Pode ser que tenha alta já amanhã, ainda vão avaliar. E talvez precise de fisioterapia no futuro — relata Renata.
Em um primeiro momento, de acordo com a família, os funcionários da escola não perceberam que a aluna havia sido atingida por uma bala perdida. Pensando se tratar de um machucado comum, apenas acionaram os responsáveis de Maria Gabriela. Coube aos pais da menina levá-la ao hospital.
— Quando o diretor veio aqui, alegou que não sabia que era um tiro. Mas acredito que eles precisam estar mais bem preparados. Se há disparos, é necessário recolher as crianças, protegê-las — critica a tia da estudante.
De acordo com moradores, ocorreram tiroteios na região da escola durante a tarde de quarta-feira, supostamente causados por uma guerra de facções. A unidade, porém, fica em uma via principal, ao lado de uma estação do BRT, ainda que existam comunidades próximas. Já o 9º BPM (Rocha Miranda) informou que não havia operações nas favelas do entorno e que não foi acionado para a ocorrência da estudante ferida no colégio.
ADOLESCENTE BALEADA EM ESCOLA DA ZONA NORTE
Em março do ano passado, a adolescente Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida na Escola Municipal Daniel Piza, em Acari, na Zona Norte do Rio. Ela também estava na aula de Educação Física quando foi ferida pelo disparo no glúteo — o projétil era de fuzil. Na ocasião, havia um confronto entre policiais militares e bandidos na região.