Gaza vive mais um capítulo devastador de sua crise humanitária. Neste domingo (13), seis crianças morreram e outras 17 ficaram feridas após um míssil disparado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) atingir um ponto de distribuição de água no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
Segundo informações divulgadas pela imprensa local e confirmadas pelo Ministério da Saúde de Gaza, o grupo de crianças estava reunido para coletar água — um recurso cada vez mais escasso na região — quando o projétil atingiu a área. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram cenas de desespero: corpos ensanguentados, gritos de socorro e a correria de parentes em busca de sobreviventes.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram, por meio de comunicado, que o ataque tinha como alvo um militante da Jihad Islâmica. No entanto, segundo a versão militar, houve um “mau funcionamento técnico” no sistema de guiagem do míssil, que acabou caindo a dezenas de metros do ponto originalmente visado. “Lamentamos profundamente qualquer dano causado a civis inocentes. O incidente está sendo investigado com prioridade máxima”, informou a nota oficial.
Crise hídrica e desespero diário
A tragédia ocorre em meio a um colapso total do sistema de abastecimento de água em Gaza. Devido à escassez de combustível, instalações de dessalinização e estações de tratamento de esgoto foram forçadas a fechar. Como resultado, a população tem recorrido a centros improvisados de coleta, geralmente montados em áreas abertas e sem qualquer estrutura de segurança.
Esses pontos de distribuição viraram alvo fácil em uma guerra sem linhas claras entre civis e combatentes.
Mais mortes no mesmo dia
Ainda na manhã de domingo, outro ataque israelense atingiu um mercado movimentado na Cidade de Gaza. Segundo a mídia palestina, ao menos 12 pessoas morreram na explosão, entre elas um médico consultor que atuava no hospital local. A ofensiva teria como objetivo atingir um esconderijo de integrantes do Hamas, mas causou mais uma leva de vítimas entre a população civil.
Guerra sem fim
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, o número de mortos ultrapassa 58 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Só nas últimas 24 horas, 139 mortes foram registradas, incluindo mulheres, crianças e idosos. A contagem oficial não diferencia civis de combatentes, mas organizações internacionais estimam que mais da metade das vítimas sejam mulheres e menores de idade.
Enquanto o mundo acompanha perplexo, Gaza continua a sangrar. O drama humanitário se agrava a cada dia, e a linha entre erro militar e tragédia anunciada parece cada vez mais tênue.