A recente aparição de Emílio Carlos Gongorra Castilho, conhecido como “Cigarreira”, em um pagode na Vila Cruzeiro, localizada no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, acendeu um alerta nas autoridades de segurança pública. Cigarreira, suspeito de ordenar o assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Vinícius Gritzbach, foi visto confraternizando com traficantes do Comando Vermelho (CV) poucas semanas após a execução do delator. A presença dele nesse território controlado pelo CV sugere uma crescente aproximação entre as duas maiores facções criminosas do país.
A trégua entre PCC e CV, que vinha sendo ensaiada desde 2019, foi recentemente oficializada em nível nacional. Essa aliança tem sido articulada pelos líderes das organizações: Márcio dos Santos Nepomuceno, o “Marcinho VP”, pelo lado do CV, e Marco Willian Herbas Camacho, o “Marcola”, líder do PCC. O pacto tem como principais objetivos o compartilhamento de rotas do tráfico de drogas e a resistência conjunta contra medidas repressivas impostas em penitenciárias federais.
A presença de Cigarreira em um dos redutos mais importantes do CV sinaliza que essa cooperação pode estar avançando para além das negociações estratégicas e se consolidando também em ações no dia a dia do crime organizado. A interação entre membros das duas facções em eventos sociais, como o pagode onde Cigarreira foi flagrado, demonstra um nível de confiança que há poucos anos seria impensável, dada a rivalidade histórica entre os grupos.
Para especialistas em segurança pública, essa aliança pode representar um aumento significativo na força do crime organizado, tornando ainda mais difícil o combate ao tráfico de drogas e à violência urbana. O controle territorial das facções pode se fortalecer, dificultando ações policiais e ampliando sua influência em diversas regiões do país. Além disso, o alinhamento entre PCC e CV pode resultar em estratégias conjuntas para expandir suas operações, aumentando o domínio sobre comunidades e ampliando seus lucros ilícitos.
O assassinato de Vinícius Gritzbach, apontado como delator do PCC, já havia evidenciado a determinação da facção em eliminar qualquer ameaça interna. Agora, a presença de Cigarreira na Vila Cruzeiro reforça a suspeita de que essa execução pode ter sido facilitada pela cooperação entre as facções. Se confirmada essa parceria, o cenário da criminalidade no Brasil pode se tornar ainda mais complexo e desafiador para as forças de segurança.
Diante dessa movimentação, a resposta das autoridades será crucial para evitar que a aliança entre PCC e CV fortaleça ainda mais o domínio do crime organizado no país.