O clima de terror voltou a tomar conta do bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira (21), após uma intensa troca de tiros entre grupos milicianos rivais. A disputa, que teria envolvido criminosos ligados a uma facção conhecida como “Boi” e integrantes da milícia da Reta do João 23, resultou em uma tragédia: um morador inocente acabou morto durante o confronto.
De acordo com informações preliminares, homens armados ligados ao grupo do “Boi” teriam invadido a área controlada pela milícia rival, iniciando um tiroteio violento em plena luz do dia. Durante o ataque, um “radinho” — termo usado para designar olheiros da milícia — foi executado. Em meio à fuga, os criminosos capotaram o carro utilizado na ação, o que aumentou ainda mais o caos na região.
No meio desse cenário de guerra urbana, o morador Lucas, que não tinha qualquer envolvimento com o crime, foi atingido por disparos enquanto passava pelo local. Ferido, ele ainda tentou buscar abrigo dentro do quartel do Exército, localizado nas proximidades do Horto Florestal, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes de receber socorro.
Moradores relataram momentos de pânico e desespero. Muitos se abrigaram em casa e nas lojas próximas, temendo ser atingidos pelos disparos. “Foram muitos tiros. A gente só ouviu o barulho e saiu correndo para dentro de casa. É triste demais ver um trabalhador morrer por causa dessa guerra”, contou uma moradora, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento na região e informou que está realizando buscas para identificar e prender os envolvidos no confronto. Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) também foram acionados e irão investigar o caso.
A disputa pelo controle territorial entre grupos milicianos na Zona Oeste tem se intensificado nos últimos meses, especialmente em bairros como Santa Cruz, Paciência e Itaguaí, onde o domínio dessas organizações criminosas afeta diretamente a segurança da população.
Enquanto as investigações continuam, a comunidade lamenta mais uma vítima da violência que parece não ter fim. Lucas, descrito por vizinhos como um jovem trabalhador e tranquilo, teve a vida interrompida por uma guerra que não era dele.