A milícia que domina a comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uniu forças com os traficantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que controlam a Vila Aliança. A aliança entre os grupos armados tem causado preocupação entre moradores e autoridades, já que representa uma mudança significativa no cenário do crime organizado na região.
O sinal mais claro dessa união foi visto no último ataque ocorrido na Vila Kennedy, reduto do Comando Vermelho (CV). Durante a investida promovida por criminosos da Vila Aliança, milicianos do Catiri participaram da ação lado a lado com os traficantes, o que confirmou os rumores de que a cooperação entre os dois grupos havia deixado de ser apenas conversas de bastidores.
Essa movimentação ocorre em meio a uma fase de fragilidade para a milícia do Catiri. A prisão de um dos principais líderes do grupo, conhecido como Gaspar, e a recente perda de cinco fuzis em uma operação policial abalaram a estrutura de poder local. A aliança com o TCP surge, portanto, como uma tentativa estratégica de reagrupar forças e manter a influência territorial diante da ameaça do Comando Vermelho, que tenta avançar em áreas antes controladas por milicianos.
Segundo relatos de moradores, a presença de homens armados circulando entre as comunidades de forma coordenada tem aumentado, e o clima de tensão é constante. “Eles estão andando de moto, com armas pesadas, entrando e saindo da Vila Aliança para o Catiri como se fosse tudo um território só agora”, relatou um morador que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Especialistas em segurança pública alertam que essa aliança pode desencadear uma nova onda de confrontos na Zona Oeste, principalmente em comunidades onde as facções ainda disputam território. A união entre milícia e tráfico, algo que há anos já vem sendo observado em outras áreas do Rio, representa um desafio ainda maior para as forças de segurança, que enfrentam dificuldades para mapear e conter essas novas configurações do crime organizado.
Enquanto isso, a população segue refém do medo e da violência, sem saber ao certo quem está no controle — ou por quanto tempo.