MILICIANOS COMEMORAM MORTE DE TRAFICANTE NA ZONA OESTE
Na noite desta sexta-feira, comunidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro, como Campo Grande, Inhoaíba e Santa Cruz, foram palco de intensas comemorações com fogos de artifício e disparos de tiros para o alto. O motivo? A morte de um traficante identificado como RD, um ex-miliciano que havia trocado de lado e passado a atuar pelo Comando Vermelho.
De acordo com informações apuradas, RD fazia parte de uma milícia que atuava na região, mas decidiu abandonar o grupo e se aliar ao tráfico. Sua missão, segundo fontes da segurança pública, era invadir territórios controlados por seus antigos aliados e entregá-los ao Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais poderosas do estado. No entanto, sua mudança de lado não foi bem recebida por nenhum dos grupos.
A situação se agravou ainda mais na última semana, quando RD teria tentado invadir uma comunidade em Bangu, área sob o controle de milicianos. Durante a tentativa de invasão, o ex-miliciano acabou matando um inocente, o que teria sido o estopim para sua execução. O Comando Vermelho, que até então o protegia, não perdoou o erro e decretou sua morte em um “tribunal do tráfico”, prática comum entre facções criminosas para punir aqueles que quebram suas regras ou colocam a organização em risco.
Comemorações nas comunidades
A morte de RD foi recebida com celebrações em diversas comunidades da Zona Oeste. Moradores relataram uma noite de muita tensão, com intensos fogos de artifício e rajadas de tiros disparadas para o alto em comemoração. “Foi uma festa, parecia Ano Novo. A gente ouviu muitos fogos e tiros, mas já imaginávamos que era por conta disso”, disse um morador de Inhoaíba, que preferiu não se identificar.
Esse tipo de comemoração não é incomum em áreas dominadas por milicianos ou traficantes rivais, onde a morte de figuras consideradas inimigas é celebrada como uma vitória territorial. Segundo especialistas em segurança pública, essas celebrações servem tanto para afirmar o domínio da facção sobre determinada área quanto para intimidar possíveis inimigos.
O crescimento da rivalidade entre milícia e tráfico
A disputa entre milicianos e traficantes na Zona Oeste tem se intensificado nos últimos anos, com constantes confrontos por territórios lucrativos, especialmente em regiões estratégicas como Bangu, Campo Grande e Santa Cruz. A migração de criminosos entre as facções, como foi o caso de RD, tem se tornado cada vez mais comum, à medida que as alianças mudam e o crime organizado busca novas formas de expandir seu controle.
Para as autoridades, a morte de RD representa mais um capítulo da guerra silenciosa que ocorre nessas comunidades. A Polícia Militar tem reforçado o patrulhamento em algumas áreas da Zona Oeste, mas moradores afirmam que a sensação de insegurança persiste. “Aqui a gente vive com medo o tempo todo, porque nunca sabemos quando vai acontecer o próximo ataque”, desabafa um morador de Santa Cruz.
Investigações em andamento
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e tenta identificar os autores da execução de RD, mas as investigações esbarram na lei do silêncio imposta pelo crime organizado. As autoridades também analisam as imagens de câmeras de segurança na tentativa de esclarecer as circunstâncias da morte do ex-miliciano.
Enquanto isso, a população da Zona Oeste segue vivendo entre o medo e a realidade de uma guerra que, para muitos, parece não ter fim.