Moradores do Catiri, em Bangu, zona oeste do Rio, estão vivendo dias de tensão e insegurança por conta de uma ação violenta orquestrada por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV). De acordo com denúncias de moradores, criminosos vindos da Vila Kennedy, comunidade próxima, estão ateando fogo em postes de energia e telecomunicação com um objetivo alarmante: cortar o acesso à internet na região.
O ataque à infraestrutura digital faz parte de uma estratégia dos traficantes para dominar o território. A destruição dos postes já deixou centenas de moradores sem acesso à internet por mais de uma semana. A interrupção afeta não apenas o cotidiano das famílias, mas também trabalhadores que dependem da conexão para exercer atividades profissionais, estudantes em aulas remotas e até serviços de emergência, que ficam prejudicados sem comunicação estável.
Segundo relatos, a motivação dos criminosos seria expulsar grupos rivais que ainda atuam no Catiri e, ao mesmo tempo, forçar a população local a aderir a provedores clandestinos de internet controlados pelo tráfico da Vila Kennedy. O controle do serviço de internet se tornou uma nova frente de lucro para o crime organizado, que lucra com a instalação e cobrança mensal de planos ilegais, além de utilizar a rede para comunicação entre seus membros.
Moradores que preferem não se identificar temem represálias por denunciar a situação. “A gente não pode falar nada. Eles estão quebrando tudo, queimando poste, cortando fio. Querem que a gente fique sem opção, só usando a internet deles”, disse uma moradora da região.
Apesar da gravidade do caso, até o momento não há informações de ações concretas das autoridades para conter os ataques e restaurar o serviço nas áreas afetadas. Empresas de telecomunicação relatam dificuldades para acessar a região com segurança e realizar reparos na rede.
O uso da violência para monopolizar o fornecimento de internet mostra como o crime organizado está se reinventando e expandindo seu poder sobre serviços essenciais. Enquanto isso, a população do Catiri segue refém do medo e da desconexão, aguardando por uma resposta das autoridades que devolva a normalidade e a segurança à população