Um caso inusitado chamou a atenção da polícia em Goiânia. Um usuário de drogas registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) contra um traficante, alegando ter sido vítima de um “calote”. Segundo o relato oficial, ele pagou R$ 210 por 30 gramas de maconha, incluindo a taxa de entrega, mas nunca recebeu o produto.
No registro da ocorrência, o usuário afirma que entrou em contato com o traficante para realizar a compra e efetuou o pagamento conforme combinado. No entanto, após a transferência do dinheiro, o vendedor teria simplesmente parado de responder às mensagens no WhatsApp e não realizou a entrega da droga. Sentindo-se lesado, o consumidor decidiu buscar seus direitos – ainda que a transação envolvesse uma atividade ilícita.
“Muito embora a atividade dele seja ilícita e o uso da substância não seja considerado crime, a boa fé nas relações deve ser mantida. E nesse caso, como não foi, estou fazendo o boletim de ocorrência”, justificou o usuário ao oficializar a denúncia.
O desdobramento do caso surpreendeu ainda mais. Após o registro do B.O, a polícia passou a investigar a situação, mas não apenas para encontrar o traficante. O próprio usuário de drogas agora também está sob o radar das autoridades, que querem entender melhor seu envolvimento com o comércio ilegal.
O episódio levanta um debate curioso sobre as relações de consumo dentro da ilegalidade. Embora a compra e o uso de pequenas quantidades de maconha não configurem crime de acordo com a legislação brasileira, o tráfico continua sendo uma atividade ilícita. Além disso, a formalização de uma queixa por um comprador de drogas contra seu fornecedor evidencia o quanto certas práticas do mercado ilegal tentam, ironicamente, se apoiar em princípios legais, como a confiança e a boa-fé nas relações comerciais.
As autoridades ainda não divulgaram se o traficante foi identificado ou se alguma medida será tomada contra o usuário que fez a denúncia. O caso, no entanto, já repercute amplamente nas redes sociais, gerando debates e memes sobre a inusitada tentativa de acionar a justiça para resolver uma situação claramente ilegal.



