Zona Oeste do Rio vive clima de medo após série de ataques violentos contra trabalhadores do transporte alternativo.
BANGU, ZONA OESTE — A Zona Oeste do Rio de Janeiro amanheceu nesta quinta-feira (22) sob forte tensão. Motoristas de vans realizaram uma manifestação urgente nas ruas de Bangu para denunciar uma situação alarmante: segundo os relatos, estão sendo forçados a pagar taxas ao Comando Vermelho — uma das principais facções criminosas do estado — sob ameaça de represálias violentas.
Nas últimas 48 horas, pelo menos três ocorrências gravíssimas foram registradas. Vans utilizadas no transporte alternativo foram incendiadas em plena luz do dia e alvejadas com tiros de fuzil, enquanto motoristas relatam que tiveram as chaves de seus veículos tomadas por criminosos fortemente armados, em abordagens dignas de um cenário de guerra urbana.
“Estamos sendo coagidos, ameaçados e agora até nossas vidas estão em risco. Querem nos obrigar a pagar uma taxa semanal ou mensal para podermos trabalhar. Quem não paga sofre retaliação”, afirmou um motorista, que preferiu não se identificar por medo de represálias. O clima entre os trabalhadores é de total insegurança e revolta.
A manifestação desta manhã reuniu dezenas de motoristas, que interromperam o trânsito em pontos estratégicos da região para chamar a atenção das autoridades e da imprensa. Com cartazes, buzinaços e palavras de ordem, os manifestantes pedem socorro imediato e atuação das forças de segurança.
“Não aguentamos mais viver com medo. Saímos de casa para trabalhar, mas não sabemos se vamos voltar. Não estamos pedindo favor, estamos pedindo justiça e proteção”, clamou outro trabalhador, visivelmente emocionado.
A Polícia Militar confirmou que está acompanhando os protestos e que já reforçou o policiamento na região. No entanto, os moradores e motoristas dizem que a presença policial ainda é insuficiente diante da ousadia dos criminosos.
O Sindicato dos Motoristas de Transporte Alternativo também se manifestou, cobrando uma ação urgente das autoridades estaduais e federais. Em nota, a entidade afirma que o transporte alternativo é um serviço essencial, principalmente em áreas onde o transporte público é falho ou inexistente, e que os profissionais da categoria não podem continuar sendo reféns do crime organizado.
Além do impacto direto sobre os motoristas, a população de Bangu e bairros vizinhos também sente os efeitos. Muitos moradores têm relatado dificuldades para se locomover, já que diversos profissionais decidiram suspender temporariamente suas atividades com medo de novos ataques.
A situação escancara, mais uma vez, o poder paralelo exercido por facções criminosas em territórios urbanos e levanta questionamentos sobre a eficácia das ações de segurança pública. Enquanto isso, trabalhadores seguem arriscando suas vidas apenas para garantir o sustento de suas famílias.
As autoridades precisam agir com urgência. O que está acontecendo em Bangu é terrorismo urbano — e a população não pode mais conviver com o medo como rotina.