Durante a 5ª reunião plenária do Conselhão (CDESS), realizada nesta terça-feira (5/8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a causar polêmica ao comentar sobre seu salário como chefe do Executivo. De maneira descontraída, Lula afirmou que os R$ 46 mil brutos que recebe “não é muito” e ironizou a falta de reajuste: “Eu me olho no espelho e falo: ‘Oh, Lula, eu quero aumento’. Aí eu falo: ‘Você não vai ter’”.
O comentário repercutiu fortemente nas redes sociais e gerou críticas por parte de internautas e opositores, que destacaram o abismo entre o rendimento presidencial e a realidade da maioria dos brasileiros. Lula detalhou que, do valor bruto, cerca de R$ 27 mil são pagos em Imposto de Renda, além de um desconto de R$ 4 mil para o Partido dos Trabalhadores (PT), restando, segundo ele, aproximadamente R$ 21 mil líquidos por mês.
Apesar do tom de brincadeira, o presidente usou a fala para defender a necessidade de reforma tributária e reforçar a desigualdade no sistema atual: “Quem vai comprar comida não pode pagar o mesmo Imposto de Renda que eu”. Lula argumentou que o sistema precisa ser mais justo, cobrando mais de quem ganha mais e aliviando a carga tributária sobre os mais pobres.
O contexto da declaração foi o Conselhão (CDESS) — Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável —, órgão consultivo composto por representantes da sociedade civil, empresários, líderes sindicais e ativistas. O objetivo do grupo é assessorar o presidente na formulação de políticas públicas e fomentar o diálogo entre o governo e diversos setores da sociedade.
Embora tenha sido feita de forma informal, a fala do presidente acabou destacando uma desconexão entre o Palácio do Planalto e o cotidiano da população brasileira, que enfrenta dificuldades econômicas, inflação persistente e altos índices de endividamento.
Críticos apontaram que, mesmo com os descontos, o salário presidencial é muito superior à média nacional, e que o comentário soou insensível em um momento de desafios econômicos para a maioria dos trabalhadores. Já aliados do governo afirmam que Lula apenas utilizou seu próprio exemplo para reforçar a urgência de uma reforma tributária mais justa e que a fala foi mal interpretada fora do contexto.
O episódio reacende o debate sobre os privilégios do alto escalão do poder público e a necessidade de mais empatia e equilíbrio fiscal.