Nesta quarta-feira, 11 de junho de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu um passo decisivo rumo a uma nova era da regulação digital no Brasil. Com um placar de seis votos a um, a Corte formou maioria para permitir que plataformas de redes sociais sejam responsabilizadas civilmente por conteúdos ilícitos publicados por seus usuários, sem a necessidade de ordem judicial prévia. A medida representa uma mudança drástica na interpretação do artigo 19 do Marco Civil da Internet, até então um dos pilares da proteção legal das big techs no país.
⚖️ A nova interpretação
O novo entendimento considera que, em casos de conteúdos manifestamente ilícitos — como discurso de ódio, pedofilia, incitação ao suicídio, ataques à democracia e fraudes eleitorais —, as plataformas podem e devem ser responsabilizadas imediatamente após serem notificadas, sem a necessidade de aguardar decisão judicial.
Os ministros que votaram a favor da responsabilização foram: Dias Toffoli, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes. Apenas André Mendonça votou contra, defendendo a manutenção da regra atual, que exige decisão judicial antes de qualquer responsabilização da empresa.
📌 O que está em jogo?
A mudança proposta tem impacto direto na forma como redes sociais operam no Brasil. A partir desse novo entendimento, empresas como Meta, X (antigo Twitter), TikTok e outras poderão ser obrigadas a agir de forma mais rápida diante de denúncias de conteúdos ilegais — e correrão o risco de sofrer ações judiciais e multas caso não removam tais conteúdos de forma célere, mesmo sem determinação judicial.
Essa mudança é considerada por especialistas como uma resposta aos desafios impostos pela desinformação, crimes digitais e discursos de ódio, sobretudo em períodos eleitorais e momentos de tensão social.
⏳ O que vem agora?
Apesar da maioria já formada, o julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira (12). Ainda faltam os votos dos ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, que vão definir os parâmetros finais da nova jurisprudência: quais tipos de conteúdo exigirão apenas notificação extrajudicial e quais poderão gerar punição direta às plataformas sem aviso prévio.
✅ Em resumo:
- STF forma maioria para responsabilizar redes por conteúdos ilícitos sem ordem judicial.
- A decisão altera o Marco Civil da Internet e deve gerar repercussões profundas no funcionamento das redes sociais no Brasil.
- A conclusão do julgamento e a formulação da tese definitiva ocorrerão nos próximos dias.
Um marco histórico que promete transformar as regras do jogo digital no país.