No Brasil, cuidar dos pais na velhice não é apenas um ato de amor e respeito, mas também uma obrigação legal. O chamado “abandono afetivo inverso” ocorre quando filhos maiores de idade deixam de prestar assistência a seus pais idosos, especialmente em situações de carência ou enfermidade. E essa omissão pode ter consequências jurídicas sérias.
O Que Diz a Constituição Federal?
O Artigo 229 da Constituição Federal é claro:
Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Isso significa que, assim como os pais são responsáveis pelo sustento e educação dos filhos na infância, os filhos também devem garantir apoio aos pais quando estes atingem a terceira idade e enfrentam dificuldades.
O Que Pode Acontecer com Quem Descumpre a Lei?
O abandono afetivo inverso pode resultar em **ações judiciais**, onde os pais podem exigir suporte financeiro dos filhos. O Código Civil, no artigo 1.696, também reforça essa obrigação, determinando que o sustento de familiares pode ser cobrado judicialmente quando houver necessidade
Além da questão financeira, há casos em que o abandono pode ser interpretado como abandono material e moral, o que pode acarretar punições mais severas, incluindo penalidades previstas no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003). O artigo 98 do Estatuto prevê até três anos de reclusão e multa** para quem expõe um idoso a condições desumanas ou privação de necessidades básicas.
O Impacto Emocional do Abandono
Além das implicações legais, o abandono afetivo causa danos profundos na saúde emocional dos idosos. A solidão e a falta de suporte podem levar a depressão, ansiedade e piora de doenças preexistentes Muitos idosos dependem não apenas financeiramente dos filhos, mas também de companhia, carinho e cuidados diários.
O Que Fazer Para Evitar o Abandono?
– Diálogo: Manter uma relação saudável e respeitosa entre pais e filhos é essencial.
– Planejamento: Filhos podem se organizar financeiramente para garantir um suporte adequado aos pais idosos.
– Apoio Profissional: Em casos de dificuldades, buscar ajuda de assistentes sociais, psicólogos ou advogados pode ser uma alternativa.
O cuidado com os pais idosos vai além do dever legal: é um compromisso moral e social. Garantir dignidade e bem-estar a quem nos criou é uma forma de retribuir todo o amor e dedicação recebidos ao longo da vida.