Interventor do BRT admite cartel no controle do serviço que mantém 22 estações fechadas
Se depender a intervenção que antes foi anunciada como salvação do BRT Transoeste, as coisas ainda vão demorar para andar. Em entrevista nesta segunda-feira, 13 de maio, ao
Bom Dia Rio O interventor do BRT, Luiz Alfredo Salomão, disse que os problemas no transporte não serão resolvidos no prazo determinado para a intervenção.
“Eu não vou resolver isso em seis meses, como é o prazo previsto. A nossa missão é encaminhar soluções para isso. A primeira é a pista da Transoeste”, afirmou durante a entrevista. Ele também avaliou que um fator muito importante ainda não foi resolvido, as condições das pistas, que de acordo com o interventor, dificulta a possibilidade de investimentos, pois os empresários não querem investir em ónibus articulados, mais caros e que necessitam serem encomendados
“Estamos tentando trazer ônibus convencionais porque a Prefeitura não tem recurso para investir numa nova pista e os empresários não querem botar novos ônibus. No curto prazo, estamos querendo trazer ônibus convencionais pra trafegar na pista, só que as empresas do Rio estão fazendo ‘corpo mole’. Estou disposto a trazer empresas de fora da cidade”, avaliou.
Ele também salientou que existe um cartel no Rio e que a tentativa de trazer investidores de outros estados fracassa por conta do medo da máfia. Os empresários ‘temem entrar em um território controlado’ segundo Salomão.
“As [empresas] de fora temem em entrar no Rio porque é um território, entre aspas, ‘controlado por um grupo de empresas do Rio’. Existe um cartel. Em cada estado tem um cartel de empresas de ônibus. Eles relutam. Eles têm temor. Todo mundo sabe disso. É um cartel, é uma organização de empresas que não estimula que outras venho a concorrer”, declarou o interventor.
Ainda de acordo com ele, foi feita uma visita ao Ministério Público para negociar soluções para a crise no transporte do BRT.
“O MP sabe, já estive com eles e eles imaginam que a solução para isso é colocar a Prefeitura para operar, só que a prefeitura não tem condições não tem gente pra isso”, disse ele lembrando que a responsabilidade pelo asfalto da pista cerceada é da Prefeitura.
“O problema é que não há recursos para fazer a frisagem e o recapeamento, mas isso também será uma maquiagem. Aquela estrada só será operacionalmente boa quando ela for substituída por outra ou quando se reconstruir aquela. Para isso, estou desde março tentando montar uma licitação para o projeto executivo, porque aquilo foi construído sem projeto”, acrescentou.
“Se o solo fosse bom, não precisaria, mas o solo lá é uma argila mole e aquilo fica deformado. Toda vez que passa, ainda mais ônibus pesado como o do BRT, ele vai recalcando vai se tornando uma pista intransitável. É muito ruim. Nunca escondi isso”, declarou Salomão.