A morte do cantor Anderson Leonardo na última sexta-feira desencadeou um turbilhão de emoções entre amigos, familiares e fãs. Entre os mais afetados está MC Maylon, agora conhecida como May, uma mulher trans que teve um relacionamento conturbado com o cantor, que se tornou público e motivo de disputa judicial em 2021.
May expressou profunda tristeza ao ser impedida pela família de Anderson de comparecer ao velório, realizado no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, neste domingo. “A família dele não me deixou ir ao velório, gostaria muito que eles me aceitassem. Hoje é o pior dia da minha vida, por não poder me despedir da pessoa que amei um dia. Queria dar um último beijo nele, um adeus”, lamentou May.
O relacionamento entre May e Anderson foi marcado por acusações graves e conflitos legais. May acusou Anderson de estupro, uma acusação que ele veementemente negou, afirmando em sua defesa: “Eu não preciso estuprar ninguém, não. Não preciso”, chegando a revelar ser bissexual como parte de sua defesa.
Essa disputa se estendeu ao ponto de Anderson buscar a intervenção da Justiça para que Maylon parasse de mencioná-lo nas redes sociais. Apesar das controvérsias, Maylon planeja lançar um livro detalhando sua história com Anderson, buscando contar sua versão dos eventos que marcaram sua relação com o pagodeiro.
A exclusão de May do velório reflete as complexas dinâmicas familiares e sociais que muitas vezes surgem em momentos de luto e perda, especialmente em contextos marcados por relações controversas e acusações sérias. A decisão da família em impedir sua presença no último adeus a Anderson evidencia não apenas a persistente tensão entre May e os familiares de Anderson, mas também as dificuldades enfrentadas por indivíduos trans em serem aceitos e respeitados dentro de suas próprias histórias de amor e perda.
A tatuagem que May possui com o rosto de Anderson simboliza um amor que, apesar das adversidades, permanece indelével em sua pele e memória. “Essa tatuagem é eterna, assim como ele em minha memória”, afirmou May, sublinhando o impacto duradouro de sua conexão com Anderson.
Este incidente ressalta não apenas as questões pessoais entre May e a família de Anderson, mas também questões maiores de aceitação, memória e direitos no contexto de relações LGBTQ+ no Brasil.