As imagens obrigatórias para qualquer preso do sistema penitenciário do Rio de Janeiro não constam nas fichas do ex-governador Sérgio Cabral, nem dos deputados Jorge Picciani e Paulo Mello, nem do ex-secretário de Saúde Sérgio Cortes. No local onde deveria estar a foto, aparece a mensagem: “Imagem não autorizada”.
Só magistrados e servidores indicados podem acessar esses dados online. Caso a foto ainda não tenha sido incluída, o espaço reservado a ela aparece vazio. Diferente do que acontece com os quatro presos na operação Lava Jato do Rio.
No caso de Sérgio Cabral, a foto dele com uniforme de presidiário – que já tinha sido inserida no sistema – foi retirada. De acordo com o regulamento da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), quando um preso ingressa no sistema ele tem que ter ficha de identificação com dados e foto disponíveis.
O sistema é de responsabilidade da Secretaria de Administração Penitenciária. O atual secretário, Erir Ribeiro, está na função desde março de 2015. Antes, foi comandante-geral da Polícia Militar durante a gestão de Sérgio Cabral.
Em junho, o Jornal Nacional mostrou regalias de Sérgio Cabral e de outros presos da Lava Jato, quando eles ainda estavam no conjunto de presídios de Bangu. Imagens mostram o ex-governador circulando livremente pela cadeia e até mesmo fora da área reservada aos presos. As câmeras também mostraram que Cabral recebia encomendas não permitidas.
Também é possível ver um agente da Sispen, o Serviço de Inteligência ligado diretamente ao secretário de Administração Penitenciária – havia entrado na cela onde estava o ex-governador. Só que esse serviço não tem a missão de fiscalizar celas e nem de acompanhar a rotina dos presos.
A própria reforma da cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, para receber os presos da Lava Jato que antes estavam em Bangu, também foi polêmica.
Há um mês, o RJTV mostrou que os presos da Lava Jato em Benfica tinham recebido um presentão. Uma sala de cinema com televisão de 65 polegadas e home theater. Depois que a sala foi revelada, os equipamentos foram retirados do local e doados a um orfanato.
Nos últimos meses o presídio de Benfica passou a receber mulheres de nível superior. Antes, elas iam para uma unidade no Complexo de Bangu, para onde chegou a ser levada a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo ficou presa em dezembro do ano passado. Nesta quinta, ela teve a prisão domiciliar revogada e foi transferida para Benfica, por decisão do TRF. Além dela, outra ex-primeira-dama que está em Benfica é Rosinha Matheus.
Na semana passada, os deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, que estavam em Benfica e tiveram a prisão revogada depois de uma votação na assembleia, foram libertados pelo diretor do presídio sem o alvará de soltura expedido pela Justiça. Posteriormente, o TRF obrigou o trio a voltar para a mesma unidade.
A Vara de Execuções Penais informou que não tem responsabilidade sobre a inclusão de fotos e que a função dela é fiscalizar os presos e as unidades prisionais. A Seap ainda não se pronunciou a respeito da ausência das fotos nas fichas dos quatro internos.
FONTE: G1