Pacientes e funcionários do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, enfrentam uma situação cada vez mais difícil em um dos maiores hospitais da Zona Oeste do Rio. No plantão da madrugada desse sábado (21), 58 profissionais não foram trabalhar. Há algumas semanas, funcionários da unidade têm denunciado a falta de insumos básicos para o atendimento à população. Eles afirmam também que os salários estão atrasados.
Como mostrou o RJTV 1ª edição, só pacientes com risco de vida estavam sendo atendidos no Rocha Faria na manhã deste sábado. Os outros, eram recusados. “Só tem médico na sala vermelha. Só se estiver morrendo”, disse uma paciente que foi à unidade procurar atendimento.
Segundo a direção da unidade, profissionais da enfermagem não apareceram e, para garantir a assistência aos pacientes internados, o atendimento aos classificados como “vermelho” e “amarelo”, de maior gravidade, foi feito no setor da Emergência. Casos verdes e azuis, de menor risco, foram redirecionados para outras unidades. As ocorrências graves da região foram direcionadas para os hospitais Albert Schweitzer e Pedro II.
Na manhã deste sábado, durante visita ao Hospital Quinta D’Or, o prefeito Marcelo Crivella disse que o pagamento já foi feito na sexta-feira (20), data limite imposta pelos funcionários que ameaçaram parar os serviços.
“Nós estamos em uma situação bem difícil já tem um tempo. Ontem, por volta das 22h, saiu o pagamento uma faixa de 40% a 50%. Tem gente que recebeu R$ 430, não deram mais explicação. Hoje, não tivemos rendições em alguns setores. Hoje, vieram profissionais de UPA de outro lugar recebendo extra. Como é que a empresa alega que não tem dinheiro pra pagar a gente e paga um extra de profissional da mesma empresa de outra unidade?”, questionou uma funcionária do Rocha Faria.
O Secretário de Saúde, Marco Antônio de Mattos, disse que foram liberados R$ 91 milhões, nesta sexta (20), por meio da Secretaria de Fazenda, para os contratos de gestão das unidades municipais de Saúde. “Foi um recurso exclusivo para pagamentos de OSs e aí incluo a OS que administra o Rocha Faria. Houve o pagamento e as informações que nós temos é que os funcionários já receberam os seus salários”, explicou o secretário.
Ainda segundo Mattos, a Prefeitura passa por uma crise financeira e a Secretaria de Saúde tem dificuldades orçamentárias por conta de serviços que foram contratados pela gestão anterior, pois não tinham orçamento.
A Organização Social (OS) responsável pela unidade disse que recebeu R$ 5 milhões, mas que a dívida é de R$ 15 milhões. Com os R$ 5 milhões, a OS pagou apenas 50% dos salários e o outro restante do dinheiro usou para pagar fornecedores.
Os trabalhadores contam que, por causa da falta de condições, muitos pacientes acabam sendo dispensados e não têm recebido atendimento. Além dos materiais básicos para o atendimento de saúde, faltam materiais de higiene, deixando os funcionários e doentes vulneráveis.
Apenas os pacientes em estado mais grave estavam sendo atendidos. Os que tinham condições de menor complexidade estão sendo encaminhados para UPAs e Clínicas da Família, que são unidades que, segundo eles, têm melhores condições de atendimento à população nestes casos no momento.
Os servidores do Rocha Faria chegaram a protestar na tarde de do último dia 17 contra o atraso de salários e a falta de condições de trabalho. Há dois anos, o Hospital Rocha Faria de saúde deixou de ser do Governo do Estado e passou para o município, justamente por causa da crise.
Fonte: g1.globo.com