Após uma queda histórica no segundo trimestre, quando a economia brasileira foi fortemente abalada pela pandemia, o PIB brasileiro avançou 7,7% entre julho e setembro de 2020, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. A expectativa média do mercado era de alta de 8,4%.
Com o resultado, o país não zerou as perdas da pandemia, que se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a queda foi de 3,9%.
Indústria e serviços tiveram alta, de respectivamente 14,8% e 6,3%, na comparação como o período de abril a junho, puxando o resultado. Enquanto a agropecuária teve um leve recuo de 0,5%. Mas o setor cresce no ano.
— Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura — afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Na indústria, chama atenção o crescimento de 23,7% no segmento de transformação, que voltou ao patamar do primeiro trimestre.
— A indústria de transformação, e a indústria como um todo, já voltaram ao patamar do primeiro trimestre do ano. O mesmo acontece com o comércio. Mas, quando olhamos para os serviços, vemos que eles estão no patamar do começo de 2017, número semelhante ao total do PIB, justamente porque os serviços representam três quartos do PIB — diz Rebeca.
Consumo das famílias abaixo do previsto
O consumo das famílias também veio positivo, registrando alta de 7,6%. Entretanto, veio bem abaixo da projeção do mercado, que esperava um salto de 10,2%. Entre abril e junho, o indicador teve tombo de 12,5%.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias é um dos motores da economia. Representa cerca de 65% do PIB. Já pela ótica da oferta, o setor de serviços representa 74% do indicador.
Segundo o mais recente Boletim Focus, a perspectiva é que o PIB encerre este ano com recuo de 4,5%, retração menor que a projetada no início da pandemia.
A projeção ainda pode ser revisada, dependendo do desempenho da economia dos últimos meses de 2020, especialmente do setor de serviços, que tem forte peso no PIB e tem apresentado recuperação mais lenta que a indústria e o comércio.
Especialistas também estão atentos ao mercado de trabalho. Em setembro, o desemprego chegou à taxa recorde de 14,6%, segundo dados da Pnad Contínua. Voltam a atenção ainda a como o consumo vai reagir ao fim do auxílio emergencial, que injetou bilhões de reais na economia nos últimos meses.