Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirma que usinas nucleares pacíficas não podem ser alvos de bombardeios, e alerta para riscos humanitários, ambientais e diplomáticos
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), fez nesta sexta-feira (13) um alerta contundente à comunidade internacional: instalações nucleares com fins pacíficos jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto político ou militar em que estejam inseridas.
A declaração foi dada em resposta aos recentes bombardeios israelenses que atingiram a unidade de enriquecimento de urânio de Natanz, no Irã. Apesar do ataque, a AIEA afirmou que não houve detecção de níveis elevados de radiação na região — o que evitou uma tragédia maior, mas não isenta os riscos envolvidos.
🚨 “Alvo nuclear é linha vermelha”, diz Rafael Grossi
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, foi direto ao reforçar que a prática de atingir instalações nucleares civis representa grave ameaça à segurança internacional. Segundo ele, um ataque a esse tipo de estrutura pode:
- Expor populações inteiras a vazamentos radioativos;
- Contaminar o meio ambiente por gerações;
- Desestabilizar acordos de segurança nuclear em vigor;
- Agravar tensões geopolíticas em escala global.
Grossi relembrou ainda que resoluções da própria conferência da AIEA declaram expressamente que ataques ou ameaças a usinas nucleares pacíficas configuram violação do direito internacional.
“Mesmo em meio a conflitos, certos limites não devem ser ultrapassados. A energia nuclear usada com fins civis está protegida por normas internacionais. Romper essa barreira pode ter consequências incalculáveis”, afirmou Grossi.
🧭 Contexto: Irã sob pressão internacional
O alerta da ONU acontece num momento delicado. Poucos dias antes do ataque em Natanz, o Conselho de Governadores da AIEA aprovou uma resolução criticando o Irã por não cooperar plenamente com os inspetores internacionais.
A resolução denunciou que Teerã descumpriu compromissos assumidos nos acordos de salvaguarda, fundamentais para garantir que o uso da energia nuclear não seja desviado para fins militares.
Essa tensão reacendeu o debate sobre a necessidade de soluções diplomáticas, tema central da nova manifestação da AIEA.
“A única saída sustentável para o atual impasse é o diálogo internacional construtivo entre Irã e Israel, com mediação de organismos multilaterais”, defendeu a agência em nota oficial.
⚠️ Risco de catástrofe evitada — por pouco
Embora não tenha sido registrado aumento significativo nos níveis de radiação após o ataque em Natanz, especialistas alertam que a situação poderia ter terminado de forma muito diferente.
A planta atingida é parte essencial do programa nuclear iraniano e opera com material altamente sensível. Qualquer dano maior em equipamentos de armazenamento ou resfriamento poderia gerar contaminação radioativa imediata, afetando cidades vizinhas e até países da região.
Além disso, um ataque bem-sucedido a uma instalação nuclear pode abrir precedentes perigosos para outros conflitos, onde o uso da força contra infraestruturas civis seria normalizado.
🌐 Apelo pela paz e pela responsabilidade internacional
Em sua manifestação final, a AIEA reafirmou sua missão: garantir que o uso da energia nuclear sirva exclusivamente para fins pacíficos e beneficie a humanidade. Para isso, condena veementemente o uso da força contra instalações desse tipo, mesmo em contextos de conflito.
“Estamos em um ponto crítico. Precisamos de moderação, diálogo e respeito ao direito internacional — não de bombas sobre usinas”, concluiu Grossi.
A comunidade internacional agora observa com atenção os próximos passos de Irã e Israel, enquanto cresce o apelo global por contenção, diplomacia e responsabilidade.