Por Carolina Perez
Os cerca de 700 mil alunos da rede estadual do Rio de Janeiro voltam às salas de aula nesta segunda-feira (10/02). Entre eles, estão Grecie Kelly Neves Silva e Thales Rua, estudantes do Colégio Estadual Dom Bosco, em Queimados, município da Baixada Fluminense. No ano passado, Greice passou por um dos piores momentos da vida: a perda da filha e do namorado a fizeram quase desistir de estudar. Após se refazer, a jovem, de 19 anos, está animada com o início do ano letivo na unidade que oferece o Ensino Fundamental Regular (do 6º ao 9º ano) e Ensino Médio Integral/Técnico de Empreendedorismo.
– Foi um momento muito difícil. Quis sair da escola porque achava que não conseguiria mais. Mas todos me acolheram muito bem. Estava com uma mala pronta, mas pensei melhor e, com isso, terminei o ano letivo. Agora, começo o terceiro ano do Ensino Médio e, para minha surpresa, o colégio está lindo. Nem acreditei quando vi dois aparelhos de ar condicionado na sala de aula. Estou empolgada porque é o ambiente que a gente mais passa tempo, muitas vezes até mais do que na própria nossa casa – contou a estudante.
Além das 10 salas climatizadas, o Colégio Dom Bosco também ganhou novos mobiliários para o refeitório e o auditório – cadeiras, bebedouros, geladeira e fogão foram comprados com a verba que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação, repassou à unidade escolar. A nova infraestrutura da escola também animou Thales Rua, de 18 anos, que já começa 2020 focado nos estudos: ele quer cursar Educação Física para se tornar professor.
– Eu era um aluno insuportável e muito bagunceiro. Mas a maturidade vai chegando e precisei melhorar. O Dom Bosco teve uma participação grande nisso porque sempre fui acolhido, tanto pelos professores quanto pela direção. Além de estudar em uma sala bem geladinha, aqui terei apoio para me preparar para a prova do Enem. Meu objetivo é fazer faculdade de Educação Física e voltar ao Colégio Estadual Dom Bosco para dar aula – disse Thales.
Para a coordenadora pedagógica da unidade, Aline Michele Borges, ambientes climatizados favorecem o aprendizado e ajudam na relação entre aluno e professor.
– Com a instalação dos aparelhos, as salas ficam mais confortáveis aos alunos e isso impede a saída a todo momento para ir ao banheiro. Isso quebra o ritmo da aula e, com calor, os estudantes ficam mais agitados. Os professores também não tinham condições para ministrar as aulas e, com isso, a indisciplina aumentava. Agora, a aula flui e o ambiente escolar fica mais calmo e prazeroso – disse Aline.
Investimentos na rede do Estado
O plano de climatização das salas de aula, anunciado pela Secretaria de Educação, teve início ainda em 2019, com a compra de 24 mil aparelhos de condicionado. Já foram instalados em torno de 10 mil aparelhos neste início de ano e a meta é instalar todos até o final do primeiro semestre. Todas as unidades pertencentes ao Estado vão receber a nova infraestrutura, que conta ainda com recursos financeiros para reformas – pinturas e obras de reparo, e para a troca de mobiliário. Os estudantes da rede estadual também iniciam o ano letivo de 2020 com novos uniformes: cada aluno recebe três peças, duas camisas polo e uma de malha para as aulas de Educação Física.
Professores motivados
Joselaine Gonçalves Nunes é uma das professoras do Colégio Dom Bosco e está na unidade desde 2009. Ela e mais um colega receberam, em 2019, o pagamento da progressão funcional, mais conhecida como quinquênio, que se refere ao tempo de serviço do profissional do magistério na rede, a cada cinco anos. O valor representa um acréscimo de 12% ao vencimento.
– Nosso trabalho é muito grande e, por isso, a gente merece ganhar essa gratificação. É um reconhecimento para que a gente se sinta valorizado e, principalmente, saber que estamos sendo vistos pelo Governo do Estado – afirmou a professora.
A diretora Eunice Diniz ressalta que o investimento é um dos maiores das últimas décadas.
– Os alunos estão sendo recebidos com uma estrutura bem diferenciada dos últimos anos. Inclusive, até mesmo a verba para as refeições já está disponível e vamos seguir com a oferta de quatro por dia em virtude do ensino integral. Com todo esse investimento, nos sentimos motivados e valorizados – concluiu a diretora, de 72 anos, 46 de dedicação ao Colégio Dom Bosco.