Após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do Estado do Rio de Janeiro começou a traçar um plano estratégico para retomar territórios dominados por facções criminosas. A medida, que promete ser uma das mais abrangentes dos últimos anos, prevê a ocupação de grandes complexos de favelas atualmente sob o controle do tráfico de drogas.
A decisão do STF obriga o Estado a adotar medidas concretas para garantir o cumprimento da Constituição, que assegura a segurança pública e o direito de ir e vir dos cidadãos. O objetivo da Corte é pressionar o governo fluminense a enfrentar o avanço do crime organizado, que há décadas transforma comunidades inteiras em verdadeiros territórios paralelos, fora do controle estatal.
De acordo com fontes da Secretaria de Segurança Pública, o plano em construção inclui ações coordenadas entre as polícias Civil, Militar e Federal, além do apoio das Forças Armadas, que poderão atuar em áreas estratégicas. A iniciativa também envolve secretarias de assistência social, saúde e educação, com o intuito de oferecer serviços públicos à população local após a ocupação inicial.
“Não se trata apenas de entrar com força policial, mas de permanecer com o Estado presente”, afirmou um representante do alto escalão do governo estadual. “A ordem do STF deixou claro que não basta apenas agir pontualmente, é preciso garantir uma política de segurança duradoura e efetiva.”
Os primeiros alvos da operação devem ser os complexos do Alemão, da Penha e da Maré — áreas simbólicas onde o tráfico mantém forte presença e onde o Estado já sofreu diversas derrotas operacionais ao longo dos anos. A retomada desses territórios exigirá inteligência, planejamento e principalmente articulação entre esferas do poder público.
Apesar da expectativa gerada pela decisão do STF, especialistas alertam que a retomada de territórios do tráfico é uma missão complexa e arriscada. “Sem investimentos sociais e continuidade das ações, existe o risco de o Estado entrar e sair, como aconteceu em outras ocasiões”, avaliou um sociólogo especializado em segurança pública.
A população das comunidades envolvidas assiste à movimentação com esperança, mas também com cautela. Muitos moradores relatam medo de confrontos e represálias, mas ao mesmo tempo anseiam por liberdade e serviços públicos.
A ordem do Supremo reacende o debate sobre o papel do Estado nas favelas e coloca o governo fluminense diante de um dos seus maiores desafios: enfrentar o tráfico com força, inteligência e humanidade.