O Brasil possui atualmente cerca de 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados inéditos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento faz parte do Censo Demográfico de 2022 e marca a primeira vez que o instituto inclui informações específicas sobre o autismo na pesquisa populacional nacional.
A inclusão do TEA no censo representa um avanço importante para a formulação de políticas públicas voltadas à população neurodivergente. De acordo com o IBGE, o número foi obtido a partir de respostas voluntárias dos moradores durante as entrevistas domiciliares. A pesquisa aponta que aproximadamente 1,2% da população brasileira declarou conviver com o diagnóstico de autismo, número que pode ser ainda maior, já que muitos casos não são identificados formalmente ou enfrentam dificuldades no acesso a serviços médicos especializados.
A faixa etária com maior incidência de diagnósticos está entre crianças e adolescentes, refletindo uma maior conscientização nos últimos anos sobre os sinais do transtorno. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de ampliar o diagnóstico também em adultos, que muitas vezes vivem décadas sem saber que fazem parte do espectro.
Além disso, o levantamento revelou desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Regiões mais ricas, como o Sudeste, apresentaram maior número de pessoas com diagnóstico confirmado, enquanto áreas mais pobres enfrentam escassez de profissionais capacitados e serviços de saúde especializados. Essa disparidade evidencia a urgência de investimento em saúde pública, especialmente em regiões menos assistidas.
Organizações da sociedade civil e especialistas em saúde mental comemoraram a divulgação dos dados, que permitem uma análise mais precisa das necessidades dessa população. Para eles, o reconhecimento oficial do número de autistas no país é um passo essencial para garantir direitos, promover inclusão escolar e social, e assegurar acesso a tratamentos adequados.
A visibilidade estatística também contribui para o combate ao preconceito. Muitos autistas ainda enfrentam estigmas e falta de compreensão, tanto nas escolas quanto no mercado de trabalho. A expectativa é que, com dados concretos em mãos, o poder público e a sociedade possam construir um país mais inclusivo, com políticas específicas para educação, saúde, assistência social e empregabilidade.
O levantamento do IBGE traz à tona uma realidade que já era sentida por milhares de famílias: o Brasil precisa avançar urgentemente na conscientização, acolhimento e valorização das pessoas com autismo. Conhecer esses números é o primeiro passo para transformar vidas.