Por 353 votos a favor e 134 contrários, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (16) um projeto de lei que altera significativamente a forma como parlamentares poderão ser investigados pela Justiça. A proposta estabelece que, antes de processar um deputado, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisará solicitar autorização ao próprio Parlamento.
Na prática, a medida cria uma barreira institucional que amplia o poder da Câmara sobre processos envolvendo seus membros. O texto determina que a solicitação do STF será submetida a uma votação secreta entre os deputados, que decidirão se autorizam ou não a continuidade da investigação.
Defensores do projeto afirmam que a mudança fortalece a independência do Poder Legislativo, impedindo que parlamentares sejam alvo de perseguições políticas ou judiciais. Para eles, a medida garante equilíbrio entre os poderes e evita que o Judiciário atue de forma considerada arbitrária em relação a deputados eleitos.
Por outro lado, críticos classificam a aprovação como um retrocesso grave no combate à corrupção e à impunidade. Especialistas em direito e organizações da sociedade civil alertam que a proposta cria uma espécie de “blindagem” para parlamentares, dificultando a responsabilização criminal de políticos que possam cometer irregularidades.
A votação expressiva em favor do projeto demonstra a articulação sólida da base parlamentar em torno da proposta, mas também expôs divisões dentro da Câmara. Bancadas de oposição prometeram recorrer ao STF para tentar barrar a nova legislação, argumentando que ela fere princípios constitucionais de igualdade e independência dos poderes.
A decisão ainda deverá passar pelo Senado Federal, onde o clima também é de intenso debate. Enquanto isso, cresce a pressão popular e institucional sobre os impactos que a medida poderá trazer para a democracia e para o sistema de justiça brasileiro.