Uma investigação conduzida pela Polícia Civil revelou que o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Rio de Janeiro, criou sua própria operadora clandestina de internet, batizada de “CVNet”. A ação criminosa envolve a imposição do serviço aos moradores de comunidades controladas pelo tráfico, que são obrigados a contratar a internet da facção, sem direito de escolha e sob ameaça de represálias.
De acordo com as investigações, o “CVNet” funciona como um monopólio forçado. Nenhum outro provedor de internet é autorizado a operar nas áreas dominadas pelo Comando Vermelho. Os técnicos de empresas legais são proibidos de entrar nessas comunidades e, em alguns casos, chegam a ser expulsos sob ameaça de violência. Com isso, a facção controla completamente o fornecimento do serviço, definindo preços, qualidade e até mesmo o prazo de instalação — tudo conforme seus próprios interesses.
A Polícia Civil apurou que membros da facção instalaram uma estrutura própria de cabeamento e equipamentos de telecomunicações, aproveitando-se da infraestrutura pública e até mesmo furtando cabos de operadoras legítimas. A internet do “CVNet” é vendida a preços abusivos, muitas vezes mais caros do que os praticados por empresas regulares, com qualidade inferior e instabilidade constante. Reclamar ou tentar contratar outro serviço não é uma opção para os moradores, já que o descumprimento das regras impostas pelo tráfico pode resultar em graves punições.
Para a polícia, essa prática é mais uma forma da facção diversificar suas fontes de lucro, ampliando o controle sobre as comunidades e reforçando sua influência no dia a dia da população. Além do tráfico de drogas e da cobrança de taxas de “segurança”, agora o fornecimento de internet também se tornou uma ferramenta de poder e arrecadação.
A investigação revelou ainda que o dinheiro arrecadado com a “CVNet” é usado para financiar atividades criminosas, como a compra de armas e o pagamento de “soldados” do tráfico. Os moradores, por sua vez, vivem sob um verdadeiro sequestro digital, onde a conexão à internet — algo essencial para o trabalho, estudo e lazer — se transforma em mais um instrumento de opressão.
A Polícia Civil trabalha para identificar os responsáveis diretos pelo esquema e tentar desmontar a estrutura clandestina. No entanto, a atuação da facção e o medo imposto sobre os moradores tornam as denúncias difíceis, já que a população teme represálias.
O caso evidencia como o crime organizado no Rio de Janeiro se moderniza e amplia suas atividades, explorando cada vez mais as necessidades básicas da população para enriquecer e consolidar seu d