Eu sempre gostei de funk, desta ginga da gente, do nosso jeitão “erre” de puxar, da beleza natural do biquíni com calcanhar lotado de areia; da sainha curta com regata, até do legging cafona das gordinhas suburbanas. Mas a gente luta tanto por uma valorização feminina e vem alguém com voz (muita voz) e estraga nosso trabalho.
O biquíni de fita isolante, o quadradinho empinado, o peito de fora, a quase ménage na piscina na laje dão o tom. Será que tô encaretando? Será que Anitta tá tentando chamar a atenção para o Rio sem filtro, a miséria criativa das comunidades e euzinha é que estou com olhar azedo? Sei não.
Vi esta semana um documentário no GNT sobre a guerra talibã, li os relatos em uma matéria em O Globo sobre os estupradores de guerra que defloram meninas de 8 a 15 anos e juro que vejo uma ligação perversa entre a indústria do entretenimento e da guerra. Pirei?
A culpa não é da Anitta, J Lo, Nicki Minaj com suas bundas coreografadas para o deleite masculino e a inveja feminina. A sociedade como um todo valoriza o sexo como trampolim social e as inúmeras denúncias de abuso, assédio, violência sexual não deveriam então chocar tanto.
Basta ouvir um proibidão, descer até a boquinha da garrafa com seu fio dental e jogar na web ou praticar suruba-society (com consentimento) nas altas rodas endinheiradas para ver que a mulherada, por um lado, brada por mais respeito, e por outro, faz a egípcia e manda ver. Segue o baile! Solta o som.”